CPI do BNDES: convocação de Bumlai coloca Lula em posição de destaque na avalanche de corrupção

josecarlos_bumlai_1002 (gabriela bilo - estadao)

Nada do que acontece na política é por acaso. Por isso é importante olhar com reserva a movimentação do Partido dos Trabalhadores, que na quarta-feira (11) divulgou material com duras críticas ao Judiciário e todos aqueles que, na opinião dos “companheiros”, querem destruir a legenda. Na verdade, o que as autoridades, assim como a imprensa livre, buscam é esclarecer um cipoal de crimes que faz jus ao bordão “nunca antes na história deste país”, vociferado pelo agora lobista Lula.

Ciente de que a sua situação e a do partido piora a cada dia por conta dos seguidos escândalos de corrupção, Lula ordenou aos camaradas que comandam a legenda a produção de um material ufanista que serve como guarida para a vitimização. Isso porque o ex-metalúrgico insiste em “vender” a ideia de que é alvo da imprensa conservadora e da elite golpista, como se um posicionamento contra o banditismo político fosse algo anormal.

Se Lula sabia da convocação de José Carlos Bumlai pela CPI do BNDES é prematuro afirmar, mas o documento divulgado pelo PT, com criticas aos que buscam um Brasil limpo e digno, serviu para acalentar o desespero dos “companheiros”.

Na manhã desta quinta-feira (12), integrantes da CPI do BNDES aprovaram a convocação de Bumlai, o conselheiro rural de Lula, que terá de prestar esclarecimentos sobre empréstimos do banco de fomento aos seus negócios. Em votação nominal, 13 deputados federais, que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito, votaram pelo depoimento compulsório do empresário, sendo que três parlamentares foram contra a convocação. O requerimento foi apresentado pelo deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA).

Não é a primeira vez que a CPI do BNDES age para desvendar os negócios bisonhos de José Carlos Bumlai. No início de novembro, a Comissão aprovou o acesso dos parlamentares aos dados confidenciais referentes à operação feita pelo banco de desenvolvimento com a Usina São Fernando Açúcar e Álcool, que pertence a Bumlai.

A usina do pecuarista, localizada em Dourados (MS), teria recebido do BNDES empréstimo no valor de R$ 101,5 milhões em 2012, após ter apresentado, um ano antes, pedido falência à Justiça. O requerimento aprovado não trata de quebra de sigilo das informações da operação, mas de acesso aos dados confidenciais dos referidos contratos.

Um empréstimo de valor tão alto concedido a empresa em situação falimentar é algo criminoso em qualquer país minimamente sério, mas no Brasil, onde os amigos do rei conseguem o impossível, esse tipo de operação é considerada normal. Até porque, o governo que aí está foi acertadamente comparado a uma organização criminosa.

Empresas importantes, em situação menos frágil que a de Bumlai, não conseguem sequer chegar à porta do BNDES, pois a instituição estabelece uma série de barreiras intimidar os empresários bem intencionados, ao mesmo tempo em que acoberta os bandoleiros que gravitam na órbita do poder central. Quando as investigações desvendarem esses empréstimos espúrios, por certo faltará cadeia para tantos bandidos.

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