Senadora pelo PT do Paraná, Gleisi Helena Hoffmann parece viver um eterno inferno astral. Atolada no Petrolão, investigada na Operação Lava-Jato e alvo principal da Operação Pixuleco II, que investiga ilícitos de R$ 52 milhões no Ministério do Planejamento no tempo em que o marido, Paulo Bernardo da Silva, era ministro, a senadora acaba de receber mais uma má notícia.
Os ministros Gurgel Faria, Reynaldo Fonseca, Félix Fischer e Jorge Mussi, da 5ª Turma do STJ, votaram, na quinta-feira (10), contra o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de Hoffmann, primo distante da petista, investigado na Operação Lava-Jato. O único voto a favor do HC foi do relator Navarro Dantas. A defesa do publicitário pedia a substituição da prisão por medidas cautelares. Ricardo Hoffmann está preso desde abril de 2015 e já foi condenado a 12 anos e 10 meses de prisão em regime fechado.
Quando era vice-presidente da agência Borghi Lowe, Ricardo Hoffmann repassou propina milionária ao ex-deputado André Vargas (ex-PT), à época primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, e coordenador de diversas campanhas de Gleisi. O decreto de prisão preventiva alega que a liberdade do publicitário coloca em risco a ordem pública. No decreto, o juiz federal Sérgio Moro afirma que o pagamento sistemático e reiterado de propina revela ousadia.
Hoffmann é gaúcho, mas fez carreira no Paraná, onde esteve ligado a alguns dos políticos mais importantes do estado. Além de primo de Gleisi (investigada pelo Ministério Público Federal por embolsar R$ 1 milhão no caixa 2), foi uma espécie de sócio informal do ex-deputado André Vargas, preso na esteira da Operação Lava-Jato por associação com o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores do Petrolão.
Ricardo Hoffmann também comandou duas campanhas vitoriosas do senador Roberto Requião ao governo do Paraná e, segundo comenta-se, tinha papel importante no governo do peemedebista, que na terra das araucárias é conhecido como “Maria Louca”.
A investigação do Ministério Público Federal sobre as produtoras começou em abril, após as prisões de Ricardo Hoffmann e de André Vargas. Ambos são acusados de envolvimento em fraudes relacionadas a contratos de publicidade do Ministério da Saúde e da Caixa Econômica Federal com a agência de publicidade Borghi/Lowe.
Executivo da Borghi/Lowe, Hoffmann subcontratou produtoras e determinou os repasses dos valores de comissões – os chamados bônus de volume de produção (BV) – a empresas ligadas a Vargas e seus irmãos: a Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação e a LSI Soluções em Serviços Empresariais. Esses bônus de 10%, comuns no mercado publicitário, costumam ser devolvidos à agência contratante. Contudo, no caso em questão as comissões eram desviadas para outras empresas. Na fase inicial, seis produtoras subcontratadas pela Borghi Lowe foram investigadas, mas o número já aumentou.
De acordo com o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa do Ministério Público Federal, as produtoras podem ajudar a confirmar que os bônus de produção eram usados como método de lavagem de dinheiro para pagamento de propina.
“Nós queremos confirmar esta tipologia e acreditamos que o melhor caminho seria com o apoio das produtoras usadas pelas agências de publicidade com estes desvios de recursos. Nós estamos trabalhando neste elo que é mais fraco da corrente, que são as produtoras, incentivando elas virem espontaneamente conversa conosco sobre fatos semelhantes ocorridos”, afirmou o procurador.