Maduro volta a desafiar a oposição, ameaça não aceitar derrota e pode endurecer o “jogo”

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, causou surpresa ao aceitar com excesso de serenidade a derrota nas eleições parlamentares do último domingo (6) e exaltar o “triunfo da Constituição e da democracia”. Esse comportamento politicamente correto não combina com Maduro, um aprendiz de tiranete que, à sombra do defunto de Hugo Chávez, acabou de destroçar a economia da Venezuela, que há muito não sabe o que liberdade individual. Contudo, menos de uma semana depois da eleição, ele retomou a retórica agressiva da campanha e mostra que não aceitará a derrota tão facilmente.

Nicolás Maduro afirmou na quinta-feira (10), durante congresso extraordinário do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que a derrota do governo nas eleições parlamentares ocorreu devido a “erros” cometidos pela própria legenda do governo.

Maduro afirmou que o PSUV foi prejudicado pela “guerra econômica” e por seus próprios erros, como a “falta de método político para tratar de situações juntamente com o povo e pela elitização que nossa liderança tem sofrido”. Discurso de encomenda para convencer parte da população para enfrentar, de todas as formas, aqueles que foram eleitos legitimamente.

O primeiro projeto da nova Assembleia de maioria oposicionista é uma lei de anistia aos opositores presos pelo regime. Maduro, porém, já afirmou que rechaçará a iniciativa. O presidente disse que a oposição “já trata de usar o poder que obteve para desmontar a revolução bolivariana e aplicar um golpe definitivo à paz”.

Ele disse que a investida dos “empresários monopolistas” começou há dois anos, dentro do que chamou de “guerra econômica”, o que teria gerado descontentamento entre a população e, consequentemente, a derrota nas urnas.


Segundo Maduro, trata-se de um modelo desenvolvido “sobre circunstâncias reais da economia, que se soma ao esgotamento do modelo petroleiro e o bloqueio financeiro internacional que o país sofre. Foi um golpe calculado”, disparou o presidente, que considerou a vitória da oposição uma “contrarrevolução antipátria”.

Sem ter como explicar a derrota e muito menos a grave crise econômica que levou a inflação venezuelana a flanar no patamar entre 180% e 200 ao ano, a saída é colocar a culpa nos adversários.

A coalizão de oposição “Mesa de Unidade Democrática” (MUD) conquistou 112 das 167 cadeiras da Assembleia Nacional, enquanto o PSUV elegeu apenas 55 parlamentares. De acordo com dados do Conselho Nacional Eleitoral, o MUD se consagrou com 7,7 milhões de votos, o que representa 56,2% do total, contra 5,6 milhões (40,8%) do oficialismo.

A maioria absoluta permitirá aos opositores realizar plebiscitos, remover ministros, designar funcionários públicos e até destituir o presidente. (Com agências internacionais)

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