Eventual prisão domiciliar de Delcídio e André Esteves comprometerá as investigações da Lava-Jato

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Falem o que quiser do juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, mas até agora o magistrado não cometeu qualquer erro que pudesse comprometer sua atuação no caso. Cauteloso, Moro assistiu à confirmação de suas decisões por tribunais superiores, como Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, que negaram pedidos de habeas corpus em favor de alguns investigados ilustres.

Moro e o ministro Teori Zavascki, do STF, relator dos processos da Lava-Jato na Corte, conversam de forma sistemática, o que tem permitido a manutenção da prisão de muitos envolvidos no maior escândalo de corrupção da história da humanidade, o Petrolão, que durante uma década funcionou deliberadamente na Petrobras.

Muito se comenta acerca da eventual transformação em domiciliar da prisão de André Esteves, mas é preciso considerar que o ex-comandante do banco BTG Pactual ainda tem muito a falar e pode comprometer as investigações, situação que ficou evidente com os desdobramentos da Lava-Jato. No momento em que a força-tarefa da operação aponta conexões entre Esteves e Eduardo Cunha, dificilmente o banqueiro será colocado em liberdade, até porque a citada investigação está em seus capítulos iniciais.


Outro investigado que, segundo informações, poderá passar o Natal com a família é o senador Delcídio Amaral, mas essa hipótese cai por terra quando analisa-se a sequência das investigações da Lava-Jato. Delcídio contratou recentemente o advogado Antonio Figueiredo Basto, responsável pelos acordos de delação premiada do doleiro Alberto Youssef; de Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras; de Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC; e do lobista Julio Camargo, da Toyo Setal.

Delcídio Amaral informou, por meio dos advogados, que não fará delação premiada, mas isso é uma dissimulação previamente estudada para que a família do ainda senador não se transforme em alvo de políticos que se preocupam com eventual revelação da verdade. Fosse verdadeira a afirmação de que Delcídio não fará delação, a contratação de Figueiredo Basto tornar-se-ia desnecessária, uma vez que a atuação do advogado na esfera da Lava-Jato está centrada em acordos de colaboração premiada.

O PT e os atuais inquilinos do Palácio do Planalto sabem que uma delação de Delcídio Amaral poderá mandar tudo pelos ares, mas isso só acontecerá quando o senador tiver certeza de que a família está em total segurança. Aliás, sua família, em especial a esposa Maika, pressionaram o senador para que de chofre contasse tudo o que sabe sobre o envolvimento do PT no escândalo do Petrolão.

Sendo assim, se Delcídio tiver a prisão preventiva transformada em domiciliar, com direito a tornezeleira eletrônica, as investigações da Lava-Jato perderam muito em termos de novas informações, as quais por certo apontarão o caminho para se chegar ao chefe da quadrilha.

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