Lava-Jato: pressionado, ministro da Justiça tenta evitar corte no orçamento da Polícia Federal

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A decisão do governo de cortar R$ 133 milhões do orçamento da Polícia federal não deu certo. Delegados federais chiaram à vontade, alegando que o corte acarretaria prejuízos às investigações realizadas pela corporação, começando pela Operação Lava-Jato, que interrompeu o maior esquema de corrupção da história planetária, o Petrolão.

Pressionado, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, responsável pela PF, admitiu a possibilidade de recompor o orçamento. De acordo com informações do governo de Dilma Rousseff, os recursos poderão ser disponibilizados pela própria pasta da Justiça ou, então, pelo Ministério do Planejamento por meio de crédito suplementar.

Indignados com o corte orçamentário, delegados da PF creem que a instituição foi alvo de retaliação por causa do alcance da Operação Lava-Jato, que colocou na alça de mira políticos, autoridades, empresários e outros delinquentes que protagonizaram o escândalo de corrupção.

O ministro José Eduardo Cardozo descartou a possibilidade de o novo orçamento comprometer as investigações, mas afirmou que buscará uma solução para evitar o corte. “Quem conhece a elaboração do Orçamento sabe que os recursos serão assegurados ou por meio de portaria do Ministério do Planejamento ou por realocação interna do próprio Ministério da Justiça”, afirmou.

Segundo Cardozo, “a Polícia Federal tem sido total prioridade do Ministério da Justiça”. “Esse é o compromisso que temos e que todos conhecem. Jamais faltará verba para a Lava Jato ou qualquer outra operação ou projeto estratégico da Polícia Federal.”


Relator do Orçamento de 2016, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) alega que todos os órgãos públicos sofreram cortes. O parlamentar disse que no caso da PF o corte orçamentário foi de 3,7%. “Portanto, absolutamente natural, não foi tratado de forma diferenciada”, disse. Barros lembrou que Judiciário federal teve corte médio de 5%, enquanto o Ministério Público de 1,9%, em razão da Lava-Jato.

Ricardo Barros negou que a PF tenha sido alvo de retaliação. “Se a gente não corta é porque está com medo, se corta, está com medo que eles investiguem. Qualquer solução tem reclamação, acho que eles estão bem tratados dentro dos cortes gerais do orçamento”, disse.

Coincidência ou não, o partido do relator, o PP, é o que tem mais parlamentares investigados na Lava-Jato. Considerando que na política inexistem coincidências, o melhor é desconfiar desse corte no orçamento da PF, uma vez que o governo, que mentirosamente diz combater a corrupção poderia economizar Adotando outras medidas, como, por exemplo, promovendo o desaparelhamento da máquina federal.

Não há como negar que o corte interferiria no andamento das investigações da Operação Lava-Jato, principalmente, pois a PF vive às voltas com um orçamento sempre apertado. A possibilidade de retaliação não deve ser descartada, pois é importante lembrar o caso do delegado federal que esteve à frente das investigações do escândalo conhecido como “Dossiê dos Aloprados”. O delegado federal Edmilson Bruno foi afastado do caso logo no começo das investigações, sem qualquer explicação convincente.

Se o corte no orçamento da PF for mantido, o governo estará agindo como se disparasse um “tiro pela culatra”. Afinal, a força-tarefa da Lava-Jato tem sob seu poder um cipoal de informações que pode levar muitos políticos influentes para a cadeia, inclusive Lula. Ação que poderia ser antecipada com facilidade. Informação obtida pelo UCHO.INFO junto a uma autoridade que participa da investigação revela que a prisão de Lula é uma questão de tempo, até porque o petista não mais goza da prerrogativa de foro por exercício de função. Ou seja, é cidadão comum como outro qualquer.

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