Líder do PPS quer explicações sobre empréstimo do BNDES a Moçambique que beneficiou empreiteira

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Deputado federal pelo PPS do Paraná e líder do partido na Câmara, Rubens Bueno quer informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior sobre o empréstimo realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BDNES) para Moçambique, conforme divulgado pela revista Época. De acordo com reportagem da publicação, o governo brasileiro teria alterado regras do banco de fomento para facilitar a operação de crédito e favorecer a empreiteira Andrade Gutierrez, contratada para construir barragem no país africano.

O parlamentar destacou que a operação levanta muitas suspeitas, principalmente pelo fato de a presidente Dilma Rousseff ter recebido grandes somas da empresa durante sua campanha pela reeleição, em 2014. No documento, o parlamentar questiona, entre outros temas, a razão da dispensa da exigência de garantia de abertura de conta colateral no exterior em país de risco inferior ao de Moçambique; explicação sobre quais vantagens o Brasil obteve com a operação; e se a flexibilização já teria ocorrido em outros casos.

Ele lembrou que a construtora está profundamente envolvida em denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava-Jato e que ela teria realizado doações vultosas para a campanha de reeleição da presidente da República.

“Precisamos saber se essa operação beneficiou ou prejudicou o país. Temos que lembrar que o dinheiro emprestado pertence ao povo brasileiro. É tudo muito suspeito a começar pela quebra da regra na concessão de créditos para Moçambique. Somado a isso temos a empreiteira doando grandes somas para a campanha de Dilma e envolvida até o pescoço em praticas de corrupção envolvendo dinheiro público. Por esse motivo solicitamos as informações. A depender das respostas encaminhadas decidiremos os próximos passos”, disse.


Currículo invejável

Não se pode esquecer que a Andrade Gutierrez, segundo depoimento do presidente Otávio Marques de Azevedo, pagou propina em obras da Copa de 2014, evento esportivo que nem mesmo em sonho o Brasil deveria ter recepcionado. Tanto é assim, que a saúde pública, por exemplo, está afundando cada vez mais no oceano do caos.

A Andrade Gutierrez foi contratada pelo governo para tocar obras gigantes da Petrobras, como o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e pretende complementar a história dos subornos já relatada por delatores como o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e ex-executivos da construtora Camargo Corrêa. No acordo que fechou com a Procuradoria-Geral da República, Azevedo citou os nomes do senador Edison Lobão (PMDB-MA), então ministro de Minas e Energia, e de Sérgio Cabral Filho, ex-governador do Rio de Janeiro.

Na Copa do Mundo, por exemplo, a Andrade Gutierrez atuou, sozinha ou em consócio, na reforma dos estádios Maracanã (Rio), Mané Garrincha (Brasília), e Beira-Rio ( Porto Alegre), além de ter construído Arena da Amazônia, em Manaus (AM), um dos elefantes brancos que o troneio futebolístico deixou como legado.

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