Operação Acarajé: marqueteiro de Lula e Dilma sabia que dinheiro era de origem ilegal, afirma a PF

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A Polícia Federal afirma que o publicitário João Santana, responsável pelas campanhas do ex-presidente Lula (2006) e da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014), ambos do Partido dos Trabalhadores (PT), sabia que o dinheiro depositado em suas contas no exterior tinha origem ilegal.

Santana é um dos alvos da Operação Acarajé, 23ª etapa da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta segunda-feira (22). Além do marqueteiro petista, o mandado de prisão também é contra sua esposa, Mônica Moura. O casal está fora do Brasil, trabalhando na campanha de reeleição do presidente Danilo Medina, da República Dominicana, mas de acordo com o advogado da dupla eles deverão chegar ao Brasil nas próximas horas.

“João Santana e Mônica tinham conhecimento da origem espúria dos recursos. Eles sabiam que não era um mero caixa 2. […] Eles tratavam diretamente com uma pessoa que era representante e operador de propina na Petrobras”, destacou o delegado federal Filipe Hille Pace.

As investigações identificaram transferências que totalizaram US$ 7,5 milhões (cerca de R$ 30 milhões), feitas por empresas investigadas pela Lava-Jato para a offshore Shellbill Finance S.A., que pertence a João Santana.

Os investigadores chegaram a esses valores por meio de informações obtidas com o Citibank de Nova York, que forneceu os dados por meio de cooperação jurídica com as autoridades brasileiras. “Os extratos do Citibank fazem clara referência que esses depósitos eram feitos com base em contratos falsos para justificar remessa de dinheiro”, declarou o delegado.

De acordo com a PF, é possível que essa quantia seja maior já que os dados são parciais. “Esperamos ainda que venham novas informações do Citibank de Nova York”, afirmou Pace.


Durante toda a manhã desta segunda-feira, equipes da PF fizeram buscas no apartamento de João Santana em bairro nobre de Salvador e em uma casa dele em Camaçari, na região metropolitana da capital baiana.

Em nota, a assessoria de imprensa da Polis Propaganda, agência do marqueteiro e de sua mulher, informa que “no início da tarde de hoje o advogado do jornalista e publicitário João Santana, Fábio Toufic, divulgará um comunicado esclarecendo a posição de seu cliente em relação à operação feita hoje pela Polícia Federal”.

Ao todo, cerca de 300 policiais federais cumpriram 51 mandados judiciais, sendo 38 de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva. A Operação Lava Jato investiga um grande esquema de corrupção na Petrobras.

A segunda linha de investigação desta recente fase da Lava-Jato é a descoberta de novos operadores de propina ligados à Odebrecht. “Foram descobertos indícios de envolvimento de um grupo de funcionários ligados à Odebrecht que controlava pagamentos no exterior”, afirmou o procurador Carlos Fernando Lima.

Os escritórios da empreiteira em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia foram alvo hoje de busca e apreensão. A empresa é uma das investigadas pela Lava-Jato. Seus executivos são acusados de pagar propinas milionárias para contratar obras da Petrobras. O ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, foi preso em junho de 2015.

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