Vitória do conservador Rohani nas eleições iranianas coloca o país diante de possível virada

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O presidente iraniano Hassan Rohani e seus aliados conquistaram, de acordo com resultados divulgados nesta segunda-feira (29), 15 dos 16 assentos da circunscrição de Teerã no chamado Conselho de Especialistas – poderoso corpo clerical que define, entre outras coisas, o líder supremo do país.

Segundo os resultados finais, os conservadores podem perder o domínio sobre o órgão de 88 membros. O ex-presidente Hashemi Rafsanjani, atualmente liderando os reformistas, foi o candidato mais votado de todo o país, com 2.301.492 votos, quase um milhão a mais que o primeiro classificado dos conservadores, Ahmad Janati, menos votado entre os 16 representantes de Teerã.

Rohani obteve 2.238.166 votos e o terceiro lugar por Teerã, em uma votação que foi interpretada por muitos meios de imprensa iranianos como um referendo da sua gestão. Os dois principais representantes da linha-dura do regime, os aiatolás Mohammad Yazdi e Mohammad Taghi Mesbah-Yazdi, perderam seus assentos no Conselho de Especialistas.

Os aliados de Rohani também devem ficar com todos os 30 assentos de Teerã no Parlamento, de acordo com os resultados preliminares. Mas os ganhos fora da capital foram mais limitados, e os conservadores mantiveram muitas de suas vagas nos dois órgãos.

As eleições da última sexta-feira (26) foram as primeiras desde que Rohani assinou um acordo com potências mundiais, em 2015, para limitar as atividades nucleares do Irã em troca de redução das sanções econômicas. As votações foram vistas por analistas como um possível ponto de virada para o Irã, além de um voto de confiança ao governo de Rohani e à política de distensão com o Ocidente.


Novo líder supremo

No Irã não existe um sistema partidário no sentido ocidental. Em vez disso, há diferentes grupos que podem ser divididos em três grandes correntes ideológicas: conservadores, reformistas e linhas-duras.
Os conservadores se atêm aos valores da revolução e são absolutamente fiéis ao regime dos aiatolás. No entanto, a ala mais moderada da facção está aberta para controladas relações com o Ocidente e reformas internas limitadas. Por outro lado, os ultraconservadores estão mais próximos dos linhas-duras.

Os linhas-duras veem no Ocidente o inimigo imperialista e defendem uma sociedade puramente islâmica, longe de todas as influências ocidentais.

Os reformistas, por outro lado, almejam boas relações diplomáticas e econômicas com o Ocidente. Eles também exigem mais liberdades sociais, culturais e de política interna.

O Conselho de Especialistas não só monitora o trabalho do líder supremo revolucionário, mas também pode, teoricamente, removê-lo do cargo em caso de doença ou desrespeito de seus deveres. Ele tem a tarefa, no caso de morte, de escolher um sucessor – de forma vitalícia. O Conselho de Especialistas é eleito a cada oito anos.

O atual líder revolucionário, aiatolá Ali Khamenei, já está com 76 anos. Além disso, persistem os rumores de um câncer avançado. Por isso é bem possível que o novo Conselho de Especialistas também venha a decidir sobre a renovação do mais importante cargo da República Islâmica. (Com agências internacionais)

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