Lula copia estratégia de Gleisi para tentar escapar das garras da lei no caso do triplex e do sítio

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A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), quem diria, está fazendo escola. Os advogados de Lula, o lobista-palestrante, desesperados para tirar as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público sobre o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá do caminho do petista, alegaram, em seus arrazoados, o caso da senadora Gleisi e do marido Paulo Bernardo da Silva (PT). A tese é que a legislação impede a duplicidade de investigações sobre um mesmo objeto.

Lula ingressou com recurso no Supremo Tribunal federal (STF), com pedido de liminar, para suspender as investigações sobre o sítio e o triplex – imóveis que seriam do erx-metalúrgico, mas estariam em nome de laranjas, até que a Corte defina quem pode cuidar do caso – Ministério Público Federal ou Ministério Público do Estado de São Paulo.

O caso guarda semelhanças com o que aconteceu com Gleisi e Bernardo, que no âmbito da Operação Lava-Jato tiveram parte do inquérito desmembrado para a Justiça Federal de São Paulo. Os investigadores suspeitam que a casal petista tenha se beneficiado de um esquema de desvio no Ministério do Planejamento com a gestão fraudulenta de empréstimos consignados. O caso é investigado pela Operação Pixuleco II, 18ª fase da Lava-Jato.

A iniciativa de Lula ocorreu um dia após o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, alegar à Corte que o ex-presidente é suspeito de receber vantagens ilegais de empreiteiras investigadas no esquema de corrupção na Petrobras, quando o petista estava à frente do Palácio do Planalto.

Nas investigações em São Paulo, a expectativa se dá sobre as revelações da delação premiada de Alexandre Romano, o Chambinho, ex-vereador do PT, que deve comprometer Gleisi e Paulo Bernardo. A Procuradoria-Geral da República está ajustando a delação a pedido do STF. Romano, em depoimento ao Ministério Público Federal, disse que um contrato de sua empresa com os Correios foi usado para irrigar o caixa 2 da campanha da petista em 2014.


Na décima oitava fase da Lava-Jato, deflagrada em agosto de 2015, a Polícia Federal invadiu, em Curitiba, o escritório de Guilherme Gonçalves, advogado de Gleisi e Paulo Bernardo. Militante do PT, Gonçalves é suspeito de participar de uma operação triangular para ocultar esquema de corrupção iniciado no Ministério do Planejamento, que veio à tona com a prisão de Romano, solto posteriormente mediante delação premiada.

Dos R$ 52 milhões desviados do Ministério do Planejamento, ao menos R$ 9 milhões foram repassados ao escritório de Gonçalves a título de honorários. A partir de então, o advogado passou a pagar contas de Gleisi e Paulo Bernardo e até bancar os salários de serviçais do casal, como o motorista da senadora.

No caso de Lula, apesar de alegar não ter qualquer vínculo com o triplex do Guarujá, a mulher do ex-presidente e o próprio Lula visitavam o imóvel. Ademais, Marisa Letícia gerenciou uma reforma que custou R$ 770 mil, com direito a elevador privativo. Tudo bancado pela Construtora Norberto Odebrecht, cujo presidente afastado, Marcelo Odebrecht, está preso na capital paranaense por determinação do juiz Sérgio Moro.

No caso do sítio de Atibaia, os vínculos do ex-presidente com imóvel são ainda mais flagrantes. A propriedade, que também foi reformada por empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção que funcionava na Petrobras, foi frequentado 111 vezes por Lula, que mandou para lá sua mudança quando deixou Palácio do Planalto, incluindo nesse lote 40 caixas de bebidas finas e caras.

Marisa, por sua vez, comprou um barco para que o marido pudesse pescar no sítio. Fora isso, seguranças da Presidência à disposição de Lula compraram “pedalinhos” personalizados para os netos do casal se divertirem no lago que existe na propriedade rural.

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