No acordo de delação premiada firmado com a força-tarefa da Operação Lava-Jato, homologado na manhã desta terça-feira (15) pelo ministro Teori Zavascki, o senador Delcídio do Amaral (MS) entregou à Procuradoria Geral da República (PGR) gravações de conversas de um de seus assessores com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
No áudio é possível perceber, de forma clara, que Mercadante tenta evitar a delação de Delcídio, oferecendo suporte financeiro e interferência junto ao Supremo Tribunal Federal para viabilizar sua soltura. O senador foi levado à prisão pela Polícia Federal após tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras e preso na Lava-Jato
“Aloizio Mercadante, em tais oportunidades, disse a Eduardo Marzagão [assessor de Delcídio] para o depoente ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar”, destaca o depoimento do senador.
“A mensagem de Aloizio Mercadante, a bem da verdade, era no sentido do depoente não procurar o Ministério Público Federal para, assim, ser viabilizado o aprofundamento das investigações da Lava-Jato”, completou o ex-líder do governo no Senado Federal.
De acordo com o depoimento em delação, Marzagão comentou que a família de Delcídio estava em dificuldades financeiras e recebeu oferta de ajuda do agora ministro da Educação.
“Mercadante disse que a questão financeira e, especificamente, o pagamento de advogados, poderia ser solucionado, provavelmente por meio de empresa ligada ao PT”, afirmou Delcídio. Na opinião do senador sul-mato-grossense, o Aloizio Mercadante “agiu como emissário da Presidente da República e, portanto, do governo”.
Diante da divulgação da íntegra da delação de Delcídio Amaral e do fato que Mercadante foi gravado oferecendo ajuda financeira ao senador, começam a surgir no Congresso Nacional discursos em favor da imediata demissão do ministro da Educação.
Um dos defensores da saída de Mercadante é o líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), para quem o governo do PT está esfacelado e enfrentando um processo de metástase.
“Além da demissão, cabe uma ação da Justiça, pois fica claro que, a mando da presidente Dilma, o ministro teria tentado comprar o silêncio de Delcídio. É mais uma obstrução da Justiça que pode render a prisão de outro senador petista”, avaliou o líder do PPS.
“Quando aparece uma denúncia do senador Mercadante conversando com um assessor diretor de Delcídio é porque esse escândalo já tomou conta de todo o governo. O governo está em metástase. Essa denúncia contra o Mercadante é uma demonstração do desespero do governo, que está em pânico e não tem mais aonde ir. Isso é obstrução da Justiça e não tem nenhum sentido um ministro de Estado usar desse expediente para atrapalhar uma investigação”, finalizou Rubens Bueno.
