Lava-Jato: matérias do UCHO.INFO e delações de Delcídio e Pedro Corrêa mostram que Lula mentiu à PF

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Diz a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LXIII, que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo (“nemo tenetur se detegere”, em latim), por isso dá-se ao acusado o direito de omitir fatos, mas não o de mentir. Afinal, diz a sabedoria popular que “a mentira tem perna curta”, ou seja, em algum tempo será alcançada.

Em 16 de dezembro do ano passado, quando depôs à Polícia Federal, em Brasília, no escopo da Operação Lava-Jato, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, agora um bem sucedido lobista-palestrante, mentiu às autoridades quando afirmou que não sabia do esquema de corrupção que durante uma década funcionou deliberadamente na Petrobras, provocando um prejuízo à estatal de algumas dezenas de bilhões de reais.

Na ocasião, Lula disse “que durante seus oitos anos de mandato não foram divulgadas ou informadas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público ou pela imprensa denúncias que envolvessem” os nomes de diretores da Petrobras em escândalos de corrupção. O editor do UCHO.INFO afirma categoricamente que Lula mentiu, pois desde agosto de 2005 este portal noticia detalhes do esquema criminoso criado para substituir o Mensalão do PT.

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Na colaboração premiada de Delcídio Amaral (já homologada pelo Supremo) e na delação de Pedro Corrêa (em fase de validação pelo juiz Sérgio Moro), Lula foi acusado de ter conhecimento desde o início do escândalo que acabou batizado como Petrolão, criado pelo então deputado federal José Janene (PP-PR), falecido em outubro de 2010. Tanto é verdade, que à época Janene ameaçou de morte o editor, ao mesmo tempo em que Delcídio reconheceu a importância da nossa atuação jornalística.

No depoimento de dezembro passado, quando perguntado se tratou com José Janene a indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da Petrobras, o ex-presidente mentiu mais uma vez ao dizer que “nunca conversou com Janene a respeito de qualquer assunto”. Ao contrário do que afirmou Lula ao delegado federal Josélio Azevedo de Sousa, em depoimento, a proximidade de Lula com Janene era tamanha, que o então deputado costumava referir-se em tom autoritário ao petista, como se esse lhe devesse explicações e favores.

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Certa feita, na antessala da liderança do PP na Câmara dos Deputados, um irritado Janene fez referência a Lula ao dizer, diante de várias pessoas, inclusive jornalistas: “Avisa para aquele filho da puta…”. O então líder do PP, mentor intelectual do Petrolão, estava furioso com a demora do Palácio do Planalto em atender seus pedidos, que tinham essência de ordem.

Nas respectivas delações, Delcídio e Pedro Corrêa afirmam que Lula sempre soube do esquema criminoso e que conhecia José Janene. Essa intimidade entre ambos era tamanha, que certa vez Janene despachou seus capangas de Londrina para Brasília, com o objetivo de oferecer uma “carneirada” a Dilma Rousseff, então chefe da Casa Civil. O ex-deputado criava carneiros em sua fazenda no interior do Paraná e vez por outra o cardápio rural era esse. Os carneiros assados para Dilma foram levados a Brasília, devidamente acondicionados, na caçamba de uma camionete do líder partidário.


Avançando no espetáculo de mitomania que protagonizou na PF, em Brasília, Lula mentiu mais uma vez ao afirmar “que nunca tratou com Pedro Henry (ex-deputado pelo PP) ou com Pedro Corrêa sobre a indicação de Paulo Roberto Costa”. Trata-se de mais uma inverdade vociferada pelo petista, já que o mesmo referia-se a Paulo Roberto Costa como “Paulinho”, que despachava a cada quinze dias no gabinete do presidente da República.

Essa proximidade com Costa pode ser conferida durante reunião na Presidência – à época funcionando temporariamente no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília – quando Lula tratou de assunto relacionado à voracidade do grupo Odebrecht no setor petroquímico brasileiro. Na ocasião, Lula colou a mão na perna de Paulo Roberto Costa e ordenou que determinada medida fosse tomada para não prejudicar os direitos do empresário Boris Gorentzvaig, já falecido, que foi defenestrado da Petroquímica Triunfo de maneira covarde e criminosa. A ação do palácio do Planalto, que interferiu nas decisões da Petrobras, tinha como meta favorecer ao grupo Odebrecht.

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Lula também mentiu ao delegado Josélio de Sousa ao afirmar que “nunca tratou com qualquer Liderança de qualquer Partido sobre a indicação de algum nome para cargo da administração pública”.

Em outro trecho, nova mentira de Lula: “Nunca se sentiu pressionado pelo Partido Progressista a fim de que Paulo Roberto Costa fosse nomeado diretor de Abastecimento da Petrobras”. A indicação de Costa foi a moeda de troca para o PP embarcar na chamada base aliada. E desde então o propinoduto corre solto no partido que hoje é comandado pelo senador Ciro Nogueira (PI).

De igual modo, Lula faltou com a verdade ao afirmar que “o PMDB nunca ofereceu apoio político ao Governo a fim de manter Paulo Roberto Costa no cargo de diretor de Abastecimento”. Esse apoio foi escancarado e teve a participação do senador Renan Calheiros, que com a morte de Janene foi aconselhado a assumir o apadrinhamento político de Costa. O UCHO.INFO tem uma testemunha que presenciou a cena que teve lugar na casa de Renan Calheiros.

As delações de Delcídio e Pedro Corrêa, assim como as muitas matérias do UCHO.INFO derrubam as declarações nada verdadeiras do lobista-palestrante.

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