Lava-Jato: possível nomeação de Lula como ministro pode ter despertado delações adormecidas

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A possível transformação de Lula em ministro do governo da “companheira” Dilma Rousseff pode ter acelerado algumas delações que estavam no acostamento à espera de definição do cenário político, que piora com o passar das horas. Até recentemente, essa deterioração acontecia com o passar dos dias.

Depois da homologação da colaboração premiada de Delcídio Amaral – que acusou Lula, Dilma, Erenice Guerra e Mercadante e outros mais – e o acordo de delação de Pedro Corrêa, ex-deputado federal e ex-presidente nacional do Partido Progressista, a situação dos petistas “cinco estrelas” tornou-se ainda mais difícil.

Essa mudança de quadro decorre do fato de que muitos dos investigados estão envolvidos em vários atos de corrupção, muitos deles conexos. Se alguns revelam à força-tarefa da Operação Lava-Jato detalhes do maior esquema de corrupção da História, o Petrolão, outros terão de seguir o mesmo caminho, sob pena de, não aderindo à delação, acabarem mofando na prisão. Como a liberdade é um bem que não tem preço, o caminho é a implosão política do palácio do Planalto e de todos os corruptos que por lá circulam.

Esse novo quadro, que pode surgir a qualquer momento, não apenas inviabiliza a chegada de Lula à equipe ministerial do governo, o que em tese lhe confere o chamado “foro privilegiado”, mas invalida as desculpas dadas por petistas para as seguidas acusações de corrupção e outros crimes correlatos cometidos no radar do Petrolão.


Não causará surpresa, portanto, se em breve algumas propostas de delações bombásticas surgirem no cardápio da Lava-Jato. Afinal, alguns “companheiros” flagrados na operação continuam presos e em silêncio. É o caso dos ex-deputados André Vargas Ilário e José Dirceu de Oliveira e Silva.

Ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, Vargas está preso no Complexo Médico-penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, e tem muito a revelar sobre a roubalheira que tomou conta dos subterrâneos do governo. Ele operou com o doleiro Alberto Youssef, o doleiro-delator da Lava-Jato, e atuou de forma fraudulenta na obtenção de contratos com o Ministério da Saúde e da Caixa Econômica Federal. Se decidir soltar a voz, André Vargas terá de denunciar alguns comparsas, entre eles um ousado e arrogante empresário de Brasília conhecido como Alceu.

No caso de José Dirceu a situação e diferente e mais complexa. Acusado de ter recebido, por meio de contratos de consultoria, de ter recebido propina das empresas envolvidas no Petrolão, Dirceu há muito reclama do abandono que lhe foi imposto por Lula e Dilma, desde a sua condenação na Ação Penal 470 (Mensalão do PT). Inicialmente, horas após sua prisão, o outrora comissário palaciano disse a pessoas próximas que suportaria até sete meses na prisão, calado, mas depois mudou de ideia e preferiu manter o silêncio obsequioso por mais tempo, possivelmente por temer ser assassinado caso saísse da prisão, mesmo que debaixo de condições e com direito a monitoramento por tornezeleira eletrônica.

Contudo, com Lula tentando escapar das garras da Justiça com eventual cargo de ministro e Dilma lutando para salvar o próprio mandato, Dirceu mais uma vez se depara com o abandono por parte dos “companheiros”. É fato que o ex-ministro da Casa Civil tem preparo para suportar as agruras do cárcere, mas traição é um prato que, como diz a sabedoria popular, come-se frio. No caso de contar o que sabe, Dirceu coloca a República abaixo. Uma simples questão de tempo.

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