Avenida Paulista: a bordo de discurso molambento e apelativo, Lula mostrou que só falta jogar a toalha

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Não é possível qualquer manifestação de repulsa diante de uma massa de ignaros – financiada com o dinheiro público que escorre dos sindicatos e dos chamados movimentos sociais – exercendo o direito constitucional da livre manifestação de pensamento, sem saber o que isso significa. Faz parte da democracia. O sentimento que brota das manifestações desta sexta-feira (18), em favor de Lula e de Dilma, só pode ser de pena. Pessoas que nem mesmo em sonho alcançaram o que Lula, em suas bazofias discursivas, afirma ter proporcionado aos pobres, se aglomeraram como gado na fila do abate para incensar um político gazeteiro profissional e corrupto que precisou de um cargo de ministro para escapar da prisão iminente.

O que Lula busca agora, diante da avalanche do desespero, é evitar que sua chegada à Casa Civil não se transforme em sonho de uma noite de verão e acabe em pesadelo na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. O PT, arrastado por Lula, que é um animal político em cima de qualquer palanque, objetiva salvar não mais o projeto criminoso de poder, mas o partido como um todo. O PT desmorona politicamente com o passar das horas, ao mesmo tem em que cresce como caso de polícia.

Que não venham como esse mantra bandoleiro de que “não vai ter golpe”, pois isso os brasileiros de bem já sabem. O golpe de Estado que o PT tanto condenava aconteceu no Palácio do Planalto na quinta-feira (17), quando Lula assinou o termo de posse como ministro da Casa Civil, suspenso minutos depois por decisão da Justiça. E Lula, na Avenida Paulista, bradou “não vai ter golpe”, como se ele não fosse o artífice do golpe e beneficiário do mesmo.

A estratégia malandra de Lula é apostar cada vez mais na teoria bolivariana do “nós contra eles”. Nesta sexta-feira (18), na Avenida Paulista, diante da horda paga de seguidores – no embalo de sanduiche e alguns pixulecos – o palestrante em fuga disse que as elites não aceitam o que ele fez pelos pobres. E Lula tem razão, pois o que o “poderoso chefão” fez com os pobres, com a importante participação de Dilma Rousseff, foi um crime contra a humanidade, foi deixá-los mais pobres. Por isso aqueles chamados de “coxinhas” não aceitam o que Lula fez com os pobres, que caíram no conto de que o Brasil, sob o manto imundo do PT, transformou-se na versão tropical do “País de Alice”, aquele onde as maravilhas só chegam aos donos do poder por meio da roubalheira.

No rastro da falácia do “nós contra eles”, Lula intenta engrossar a massa dos que, por um sentimento fabricado por delinquentes profissionais, a qualquer instante estarão prontos para tudo, inclusive para o confronto com o objetivo de defender o que sonham ter alcançado, o que não têm. Continuam afundando na pobreza, mas creem que a violência é a ferramenta mais eficaz para a distribuição de renda, algo que o PT não faz porque aposta na luta de classes como senha para continuar no poder às custas da enganação. Nesse meio há a lei e a Justiça, a mesma que Lula mentirosamente disse respeitar.

Lamentavelmente, o Brasil é um país de analfabetos funcionais, que leem com dificuldade e não conseguem compreender o que foi lido. Por isso aceitam qualquer ideia pré-formatada, não importando a matriz ideológica. O importante é o sujeito acreditar que pensa e que sabe de tudo. E nesse laboratório do oportunismo absurdo estão os idealizadores do golpe.

No vácuo da memória curta dos cidadãos deste Brasil desgovernado, Lula investiu no discurso canibalesco das “pessoas de segunda classe”. Disse o ministro (suspenso) na Avenida Paulista, nesta sexta-feira: “Quero que esse dia seja uma lição para aqueles que nos tratam como cidadãos de segunda classe, que [acham que] democracia é uma letra morta na constituição”. Se na opinião de Lula a manifestação paga de hoje foi uma lição, o protesto do último domingo (13) foi uma aula magna. Tanto é assim, que Dilma e seus asseclas sentiram os efeitos colaterais e se reuniram às pressas, ainda no domingo.


Voltando à blasfêmia de que Lula é o salvador dos pobres, que esses incautos não esqueçam – se é que sabem – do que disse o malandro-mor da Operação Lava-Jato sobre o polêmico apartamento em Guarujá. Depois de afirmar que jamais visitou o imóvel, Lula foi desmentido por fotos em que aparece ao lado do então presidente da OAS, Léo Pinheiro. Ao presidente da companhia apanhada na Lava-Jato, Lula, do alto da sua arrogância e ignorando as legiões de pobres que engana, disparou ao comentar sobre o apartamento na praia: “O prédio era inadequado porque além de ser pequeno, um triplex de 215 metros é um triplex ‘Minha Casa, Minha Vida’, era pequeno.”

Ou seja, um triplex em uma das praias mais concorridas do litoral paulista, onde os imóveis alcançam valores que os enganados pelo petista sequer conseguirão ganhar ao longo da vida, e Lula ousa falar que um apartamento com 215 metros quadrados de área útil é um “triplex Minha Casa, Minha Vida”. Isso mostra que se Lula não está para camisa de força, sua vocação é um par de algemas.

A mitomania de Lula chega a impressionar. E isso ficou claro mais uma vez quando o petista, falando para a massa de aluguel, esbravejou: “Venho dizer aos companheiros que fazem protesto contra mim: protestem, eu nasci na vida protestando, fazendo greve, fazendo campanha pelas Diretas. Mas eu queria dizer que eles têm que saber que estas pessoas que estão aqui, de vermelho, são parte das pessoas que produzem o pão de cada dia do povo brasileiro. Elas não estão aqui porque tiveram metrô de graça, não estão aqui porque foram convocadas pelos meios de comunicação a semana toda. Elas estão aqui porque sabem o valor da democracia, porque sabem o valor de fazer o pobre subir uma escala no degrau da economia. Se eles comem três vezes por dia, nós queremos comer três vezes por dia”.

De novo a tese boquirrota do “nós contra eles”, do “pobre contra rico”, da “elite contra o trabalhador”. É bom lembrar que muitos desses incansáveis trabalhadores levados ao Olimpo por Lula estavam na Avenida Paulista desde as 14 horas. Ou seja, nesta sexta foi dia de trabalhar na Paulista.

Mas a ópera bufa encenada por Lula não parou por aí. O ministro suspenso precisava dar um apoio àquela que tirou do seu caminho, por enquanto, o mandado de prisão. Disse Lula sobre a presidente decadente: “Eles acreditaram que iriam ganhar as eleições. Quando a presidente Dilma ganha, eles, que se dizem pessoas estudadas, não aceitaram. Eles estão atrapalhando a presidente Dilma a governar.”

Em outras palavras, Dilma – lançada como candidata à Presidência, em 2010, porque era a “mãe do PAC”, a “gerentona”, a mulher que lia até as vírgulas dos contratos – passa cinco anos promovendo lambanças e outras trapalhadas, mas a falência do governo é culpa da oposição. O que mostra que nem mesmo todo o dinheiro roubado no Petrolão foi suficiente para Dilma conseguir apoio e governar em doses rasas. Essa dependência de Lula em relação aos adversários encontra explicação em Freud (não pode ser o Freud Godoy, do Dossiê dos Aloprados).

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