Seguindo à risca a cartilha da cúpula petista, a presidente Dilma Rousseff, que está por um fio no cargo, voltou no tempo para colocar em cena o seu viés de integrante da luta armada, quando – sob os codinomes de Estela, Wanda, Luiza e Patrícia – enfrentava a qualquer preço o regime militar. Assim a presidente está agindo em relação a Sérgio Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos da Operação Lava-Jato, que vem sendo duramente criticado e alvo de calúnias esculpidas com o cinzel da covardia e sobre a bancada do desespero, para, como último golpe, enganar mais uma vez a população incauta.
Dilma insiste em afirmar em seus discursos que a interceptação de seu dialogo criminoso com Lula fere a Constituição Federal e coloca em risco a segurança nacional, assim como da Presidência da República. É importante salientar que se algum risco existe de fato, esse é decorrente do banditismo político praticado pelo partido do governo. Os cofres públicos são saqueados aos bolhões, mas os ladravazes exigem o silêncio conivente do cidadão de bem. Dizem que isso é democracia, o resto é golpe.
Em relação à violação da Constituição, Dilma mostra novamente que o slogan do seu governo – Pátria Educadora – é uma sonora mentira. Afinal, não pode haver no País alguém mais deseducado do que a própria presidente. Não entende de coisa alguma, mas adora se apresentar como Aladim de saias. O grampo executado a mando da Justiça não pode ser considerado ilegal nem mesmo no mais delirante dos pensamentos, porque o monitorado era Lula, não a presidente da República.
Interessante nessa história é a postura ofensiva da chefe do governo, sem que em momento algum ela tenha dado qualquer explicação convincente sobre o conteúdo ultrajante da conversa com Lula. Dilma se nega a falar sobre o assunto, mas quando o faz usa um cipoal de mentiras para justificar o injustificável. Seguindo o raciocínio ilógico de Dilma, não importa se um grampo telefônico flagra duas pessoas combinando um crime, mas, sim, se a interceptação foi legal ou não. Considerando que o grampo nos telefones de Lula foram realizados com autorização judicial, o melhor que Dilma poderia fazer é se inteirar dos fatos, abrindo mão da recorrente mitomania oficial.
A situação de Dilma, que no começo da semana exibia uma esmaecida luz no final do túnel, mergulhou em escuridão digna de medo. Lula, que foi apresentado pela própria presidente como o trunfo necessário para virar o jogo, em questão de horas transformou-se no maior problema do governo. Se o clima já era de velório na tarde desta sexta-feira (18), quando a noite estreou foi a vez das carpideiras entrarem no palco para chorar o cadáver político.
Ministro do Supremo Tribunal Federal, instância máxima do Judiciário nacional e alvo do achincalhe rasteiro de Lula, Gilmar Mendes decidiu manter suspensa a nomeação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil, pois no entendimento do magistrado ficou clara a manobra gestada nas coxias do Palácio do Planalto para obstruir as investigações da Lava-Jato e o trabalho da Justiça. Para aumentar o desespero que reina no núcleo do governo e que já migrou para a seara do pânico, o ministro do STF manteve as investigações sobre Lula sob o comando do juiz Sérgio Moro.
Essa repentina fermentação do calvário palaciano poderia ter sido evitada se Dilma, destemperada contumaz, conhecesse as atribuições de um chefe de Estado, e se Lula, um bufão incorrigível, não agisse como cafetão de lupanar de beira de estrada. O ex-presidente acredita estar acima da lei e usa palavrório chulo e covarde para fazer referência a integrantes de outros Poderes, como se todos fossem seus serviçais, a ele devendo favores infindáveis. As decisões duras impostas pela Justiça a Lula e seu bando decorrem da tecnicidade jurídica que pauta o Judiciário, mas no momento certo a mais cruel das tintas há de escrever com maestria o próximo endereço do investigado que acreditou ser a Casa Civil o melhor dos esconderijos.
Diz a sabedoria chinesa: “As bênçãos chegam uma de cada vez, a desgraça vem em grupo”. De tal modo, a presidente da República deveria procurar um reforço espiritual, pois o “olho grego” que carrega no pulso perdeu a validade ou é de camelô. Nesta fatídica sexta-feira, que para ser completa só faltou ser 13, o Conselho Federal da OAB decidiu, por 26 votos a favor e 2 contra, apoiar o processo de impeachment de Dilma Rousseff que já tramita na Câmara dos Deputados.
Os episódios dos últimos dias não deixam dúvidas acerca do acirramento da crise (política, econômica, ética e institucional) nas próximas semanas. A possibilidade de Dilma reverter esse cenário de caos crescente é tão pequena, que no embalo da agonia típica do fim tudo pode acontecer. Os brasileiros de bem não devem se entregar ao revanchismo ou à comemoração antecipada (o calvário alheio não de ser alvo de comemorações), pois em momento de turbulência devem prevalecer o bom senso, o equilíbrio, a serenidade e o respeito aos direitos e às obrigações previstas em lei, o que garante a democracia em sua essência.
Quem está no poder não quer sair, quem de fora está sonha em entrar. Assim é mecânica da política em qualquer parte do planeta, mas no nosso dilapidado Brasil a esperança surgirá a fórceps. Até porque, os petistas sabem que, apeados do poder, outras transgressões virão à tona em questão de semanas. Assim estará virada uma das mais negras páginas da história verde-loura.