Flanando no axioma “impeachment é golpe”, Dilma transforma o Palácio do Planalto em bataclã ideológico

(Pedro Ladeira - Folhapress)
(Pedro Ladeira – Folhapress)

O Brasil derrete no rastro da grave e múltipla crise, mas Dilma Rousseff parece não se importar com o que acontece além das janelas dos palácios presidenciais. Preocupada em barrar o processo de impeachment e por consequência salvar o próprio mandato, a petista tem dedicado seu tempo a transformar a sede do governo em uma espécie de lupanar político-ideológico. Isso porque a presidente tem recebido nos últimos dias simpatizantes da tese de que impeachment é golpe. Isso porque a petista insiste em se agarrar à teoria burra de Robin Hood, de que o fim justifica os meios.

Quando o PT estava na oposição, tudo era motivo para alçar o impeachment à raia das discussões. A “companheirada” tentou o impeachment de Fernando Collor e se deu bem. Ousou pedir o impeachment de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, mas deu-se mal. Com vários crimes de responsabilidade cometidos de forma clara e escancarada, Dilma nega que existam motivos para o processo de impeachment, mesmo que as provas sejam incontestáveis. Por isso embala o mantra delinquente “não vai ter golpe”.

Nesta quinta-feira (31), deixando de lado os afazeres presidenciais, pelos quais recebe nababesca e pontualmente, sem contar as mordomias, Dilma ignorou a extensa maioria que deseja o fim do governo mais corrupto da história nacional e fez do Palácio do Planalto um palanque contra o impeachment. Para propulsar seu enfadonho discurso acerca do tema, a presidente foi cortejada por um punhado de artistas e intelectuais, todos pendurados nos cofres da viúva. Afinal, ninguém é de ferro, mesmo no esquerdismo fanfarrão.

No evento intitulado “Encontro com Artistas e Intelectuais em Defesa da Democracia”, que teve lugar no Palácio do Planalto, a petista disse que tentam dar “um colorido democrático” ao processo de afastamento. A democracia, ao contrário do que afirma Dilma, é incolor e respeita o conjunto legal vigente. Não se pode aceitar uma interpretação de conveniência para atender os interesses espúrios de um partido político que age como organização criminosa.


Entre os aduladores de Dilma estavam as cantoras Beth Carvalho e Leci Brandão, os atores Osmar Prado, Letícia Sabatella, Antônio Pitanga, Sérgio Mamberti e Tássia Camargo, os diretores Anna Muylaert e Luiz Carlos Barreto e o escritor Raduan Nassar.

Sempre a bordo de fala desconexa e rasteira, Dilma afirmou diante de sua claque que qualquer jurista “responsável” e “bem-intencionado” sabe que impeachment sem base legal não tem justificativa. Acontece que no pedido de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados há crimes de sobra.

“O meu impeachment baseado nisso [pedaladas fiscais] significaria que todos os governos anteriores ao meu teriam de sofrer impeachment. Todos eles, sem exceção, praticaram atos iguais aos que pratiquei”, declarou. Ou seja, Dilma de novo mostra que aderiu à dependência do PT em relação a FHC.

“O afastamento da presidente sem base legal é golpe. Na democracia, isso é golpe, não pode ter outro nome”, disse. “Para cada momento histórico, o golpe assume uma cara. Na América Latina, as formas tradicionais foram intervenção militar. Agora, estão usando a ocultação do golpe através de processos aparentemente democráticos”, acrescentou.

O pior é ter de assistir um espetáculo deprimente e descabido, protagonizado por pessoas que supostamente têm o poder de influenciar a parcela desavisada da opinião pública. Tomara que os brasileiros acordem para a realidade e evitem, enquanto é tempo, que o Brasil se transforme em uma versão agigantada da vizinha e corroída Venezuela, onde a palavra democracia tem lugar apenas no dicionário.

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