No vácuo de escândalos de corrupção e da crise, Odebrecht deixa megaprojeto no Peru

A construtora Odebrecht informou nesta segunda-feira (4) que venderá 100% de sua participação em um megaprojeto de transporte de gás no Peru. O contrato para a construção do gasoduto era um dos maiores do setor no país.

“A Odebrecht Latinvest – braço de investimentos da empreiteira na América Latina – está vendendo 100% de suas ações na concessão do GSP (Gasoduto do Sul do Peru)”, informou um porta-voz da empresa às agências de notícias. De acordo com o jornal especializado Gestión, a companhia venderá seu pacote acionário – que equivale a 55% do total – à espanhola Enagas e à peruana Graña y Montero. Até o momento, a entidade europeia tem 25% da participação no consórcio e a peruana, 20%. A transferência ainda não tenha data marcada para ser oficializada.

Há algumas semanas, a Enagas assumiu a gerência-geral do projeto, no lugar da Odebrecht, “com a finalidade de proteger o GSP de qualquer impacto de reputação alheio ao projeto”, segundo afirmou a construtora em comunicado. O contrato, que consiste na construção de um gasoduto de 1.134 quilômetros, foi avaliado em pelo menos US$ 5 bilhões.


Escândalo bloqueou empréstimo

O GSP requer um financiamento de aproximadamente US$ 4,2 bilhões, vindo de um conjunto de 15 bancos. O empréstimo, que deveria sair no final do ano passado, atrasou em meio às notícias desfavoráveis para a empresa, cujo ex-presidente Marcelo Odebrecht foi condenado no Brasil a dezenove anos e dez meses de prisão por corrupção e outros crimes.

A empreiteira brasileira pretende vender ativos por US$ 3,3 bilhões, em um momento em que enfrenta uma crise vinculada ao escândalo da corrupção da Lava-Jato. No Peru, uma comissão do Congresso e o Ministério Público investigam o caso.

O abandono do projeto peruano foi anunciado pela Odebrecht logo após a investigação internacional “Panama Papers” ter revelado contas secretas da empreiteira no exterior. Algumas offshores ainda eram desconhecidas pelos investigadores da Operação Lava-Jato, mas a partir de agora já estão no radar do maior escândalo de corrupção da História, o Petrolão. (Com RFI)

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