STF crê que o Congresso é um reles “puxadinho” e tenta impor análise do impeachment de Temer

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Em um dos diálogos de Lula interceptados pela Polícia Federal no escopo da Operação Lava-Jato, o ex-presidente disse que o Supremo Tribunal Federal (STF) está acovardado. Se o petista tem razão não se sabe, mas o STF tem dado mostras de sua inequívoca disposição de ora rasgar a Constituição Federal, de qual é guardião, ora interpretá-la de acordo com a conveniência do “cliente”.

Muito tem se falado nos últimos anos sobre a judicialização da política, mas não se pode esquecer que em marcha está um claro processo de politização da Justiça. Isso fez com que o Executivo federal transformasse o Supremo em uma espécie de “puxadinho” do Palácio do Planalto, onde a bizarrice administrativa imbrica encontra guarida no acintoso desrespeito à legislação vigente.

Como se nada tivesse para julgar e se preocupar, o STF tentou impor à Câmara dos Deputados, mais precisamente ao seu presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a obrigação de analisar o impeachment do vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB.

O pedido de impeachment contra Temer foi protocolado na última semana pelo ex-governador do Ceará, Cid Gomes (PDT), figura menor da política nacional que tenta sair do ostracismo a reboque do servilismo barato que disponibiliza ao governo acéfalo e corrupto de Dilma Vana Rousseff.

O governo do PT vem operando de forma criminosa nos bastidores para tentar reverter o processo de impeachment de Dilma – e tem chances de se dar bem – mas a mais alta instância do Judiciário brasileiro se preocupa em dar ordens à Câmara, em claro desrespeito à independência dos Poderes e a convivência pacífica dos mesmos.


A bordo de interpretações rebuscadas e filosóficas da Carta Magna, o Supremo parece querer demonstrar à nação a sua propalada covardia, que surge escancarada no momento em que alguns dos seus integrantes ultrajam o bom senso e desdenham da capacidade de raciocínio dos cidadãos.

Há meses, o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, deslocou-se de Coimbra à cidade do Porto, em Portugal, apenas e tão somente para participar de uma reunião de emergência convocada por Dilma, que é alvo de processo de impeachment e acusada de envolvimento no maior escândalo de corrupção da história nacional, o Petrolão. Na última semana, dois episódios chamaram a atenção. O primeiro deles pode valer ao protagonista a necessidade de se declarar impedido diante de determinados casos. Em conversa com acadêmicos de Direito, o ministro Luís Roberto Barroso fez comentário nada republicano a respeito do PMDB.

“Meu Deus do céu! Essa é a nossa alternativa de poder”, exclamou Barroso ao falar sobre a imagem televisada da cúpula do PMDB anunciando o rompimento com o desgoverno de Dilma Rousseff. A qualquer magistrado cabe o estrito dever de julgar de acordo com o que determina o conjunto legal vigente, sem fazer qualquer prévio juízo de valor, seja por convicções várias ou por ideologia política.

A nova polêmica envolvendo o STF ainda carece de confirmação, mas, se verdadeira, é um dos grandes escárnios no radar da Operação Lava-Jato. Indiciada por corrupção juntamente com o marido (Paulo Bernardo), a senadora Gleisi Helena Hoffmann teria se encontrado a portas fechadas com o ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato, no último final de semana em Florianópolis. Como mencionado, o encontro não foi confirmado, mas a assessoria de Gleisi se nega a informar o paradeiro da senadora nos últimos dias.

O Brasil ainda não se transformou em uma versão agigantada da combalida e sufocada Venezuela, onde a palavra democracia só existe no dicionário, mas é um forte candidato a tal, se os cidadãos de bem não acordarem para a realidade, exigindo o fim da esculhambação política que desce a rampa do Palácio do Planalto de forma continua. Ou os brasileiros param o País, como forma de mandar um duro e definitivo recado ao governo, ou o melhor é aceitar que o jogo acabou e que o próximo passo é arrumar as malas.

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