Jucá diz que Dilma está “perdendo o equilíbrio”, mas a petista apenas retomou a própria identidade

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Quando Michel Temer decidiu licenciar-se da presidência do PMDB, deixando a legenda sob a direção do senador Romero Jucá (RR), o UCHO.INFO afirmou que o vice-presidente da República foi um estrategista ao colocar o governo na mira de um atirador profissional que conhece as entranhas palacianas e as fraquezas da chefe do Executivo.

Nesta terça-feira (12), em resposta às afirmações de Dilma, que evento-comício no Palácio do Planalto chamou Temer e Eduardo Cunha, sem nominá-los, de “chefes do golpe” e “chefes da conspiração”, Jucá não poupou palavras e disse que a presidente da República está “perdendo o equilíbrio”.

Na segunda-feira (11), em gravação vazada inadvertidamente (sic) para grupos de Whatsapp, Michel Temer dirige-se aos correligionários como se o processo de impeachment de Dilma tivesse sido aprovado no plenário da Câmara dos Deputados. Isso foi o suficiente para a subir ainda mais o tom dos seus cansativos discursos, que repetem a teoria canhestra de que impeachment é golpe.

“Eu lamento que a presidente Dilma esteja perdendo a serenidade e esteja tentando culpar outras pessoas pelo desacerto do seu próprio governo. Se a presidente Dilma quer procurar pessoas que atrapalharam o governo deve olhar para dentro do governo. Não é o presidente Michel Temer, não é nenhum membro do Congresso que está fazendo uma ação deliberada. Eu lamento que ela esteja perdendo o equilíbrio”, disse Romero Jucá.


Para o presidente interino do PMDB, Dilma recorre a um discurso “ultrapassado” quando fala sobre golpe e conspiração. “[Dilma está] apelando para um enredo ultrapassado, porque falar em golpe é o que falou o presidente Fernando Collor há muitos anos atrás. Ela deveria fazer uma autocrítica e reconhecer a difícil situação em que colocou o estado brasileiro”, completou Jucá.

O senador roraimense foi elegante ao falar que a presidente está “perdendo o equilíbrio”, quando na verdade ela assumiu a sua verdadeira identidade. Nos últimos meses, preocupada em passar à opinião pública uma imagem de governante equilibrada e disposta a negociar com partidos da chamada base aliada, Dilma fez um esforço descomunal para encenar a “boa moça”.

Quem conhece Dilma Rousseff e frequenta os bastidores do Palácio do Planalto sabe que a petista é pessoa de difícil convívio e dona de um comportamento que mescla truculência com explosão. Há relatos de palacianos que mostram a verdadeira face de Dilma, que costuma não tolerar equívocos de colaboradores, com direito a rompantes assustadores. Ou seja, Dilma mostrou nos últimos meses que encenação por longos períodos não é seu forte.

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