Equador busca sobreviventes de terremoto que deixou centenas de mortos

(Luis Acosta - AFP - Getty Images)
(Luis Acosta – AFP – Getty Images)

Equipes de busca continuam nesta segunda-feira (18) o trabalho de resgate das vítimas do terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o litoral norte do Equador no último sábado (16).

As autoridades do país contabilizaram ao menos 410 mortos e mais de 2 mil feridos. “Temo que essa cifra aumente, porque seguimos removendo os escombros”, afirmou neste domingo o presidente equatoriano Rafael Correa, que interrompeu uma viagem oficial à Itália para visitar as áreas afetadas. “O Equador foi atingido com dureza tremenda.”

Edifícios, ruas, estradas e balneários foram atingidos. O fornecimento de energia elétrica foi interrompido na região. Cerca de 10 mil homens das Forças Armadas do país foram mobilizados.

Na cidade costeira de Pedernales, uma das mais afetadas, sobreviventes passaram a madrugada nas ruas ao lado dos escombros de suas casas. Barracas improvisadas foram montadas no estádio da cidade para acolher desabrigados. A estrutura intacta também é usada para guardar corpos das vítimas.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e a União Europeia (UE) ofereceram ajuda ao governo equatoriano para enfrentar o desastre. Os países-membros da UE disponibilizaram 1 milhão de euros em ajuda humanitária ao Equador.

O abalo sísmico de sábado é a pior tragédia ocorrida no país em 67 anos, desde o tremor de Ambato em 1949, que fez mais de 5 mil vítimas, destacou Correa.


Sem conexão

Apenas 32 horas separaram um terremoto de magnitude 7 no Japão na sexta-feira passada e outro de magnitude 7,8 no Equador, no outro lado do Oceano Pacífico, no sábado. Outro tremor, mais fraco, havia abalado o território japonês na última quinta-feira. Apesar do curto período que separou os eventos nos dois países, não há uma conexão entre eles, afirmou a revista “News Scientist” nesta segunda-feira.

“É difícil ver qualquer relação porque Japão e Equador estão muito distantes um do outro”, disse à publicação Phil Cummins, especialista em sismologia da Universidade Nacional da Austrália. “As coisas acontecem por acaso. Pode haver grupos de terremotos que podem parecer conectados, mas na verdade não são.”

Günther Asch, sismologista do Centro de Pesquisa Alemão de Geociências de Potsdam, afirma que não era possível prever o tremor no Equador após os do Japão. “O que aconteceu no Japão não provocou o terremoto no Equador. A simultaneidade é acaso”, disse à Deutsche Welle.

O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) também afirmou que grandes terremotos separados por tamanha distância provavelmente não estão relacionados.

Tanto o Japão quanto o Equador estão localizados no chamado Círculo de Fogo do Pacífico, uma área onde há forte atividade vulcânica e grande incidência de terremotos. No entanto, enquanto o tremor no Equador envolveu as placas tectônicas Sul-Americana e de Nazca, os no Japão resultaram de uma falha numa única placa, a Euroasiática, segundo o USGS.

No Japão, ao menos 42 pessoas morreram nos dois terremotos, e no Equador, ao menos 350.

Em comum entre os eventos nos dois países há o fato de que agora ambas as regiões estão sob risco de novos tremores, alertou Cummins. “Um terremoto muda o campo de stress numa área específica, então ele pode provocar outros terremotos ou inibi-los. É uma relação complicada, que depende da geometria da falha que se rompeu, assim como da geometria das falhas próximas”, disse à “News Scientist”. (Com agências internacionais)

apoio_04