Impeachment: se alguém deve ser agradecido pela vitória, o malandro Cunha é o primeiro da fila

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Por mais que fossem ruidosos e numerosos os gritos contra o que os esquerdistas decidiram chamar de golpe, a aprovação do pedido de impeachment da presidente da República, pela Câmara dos Deputados, seguiu o que manda a lei. Isso posto, fica aqui garantido o “jus esperneandi” aos que pensam de forma diversa.

Em termos políticos o Brasil chegou a um passo de explodir, quando a sociedade decidiu sair da letargia e ir às ruas para pedir o fim do mais corrupto governo de todos os tempos. E isso só foi possível porque no meio da batalha apareceu alguém para insurgir contra as “pedaladas fiscais”. Do contrário, não fosse esse importante detalhe, Dilma Rousseff estaria encastelada a fazer mais e mais besteiras.

Como sempre acontece em qualquer parte do planeta, situações caóticas sempre produzem uma legião de oportunistas. No caso do Brasil, esses espertalhões de ocasião sugiram de baixo de todas as bandeiras, da esquerda, da direita, do liberalismo, do intervencionismo.

Nesta segunda-feira (18), muitos dos que pegaram carona na crise estão curtindo a ressaca que surgiu na esteira da votação que teve lugar, no domingo, no plenário da Câmara dos Deputados. Certamente o fazem com a sensação do dever cumprido, como se agentes terceiros não tivessem importância maior do que aqueles que chamam para si a paternidade do feito. Alguns desses alarifes até circularam pelo Salão Verde da Câmara na condição de “autoridades”. Coisa típica de país subdesenvolvido.


É fato que a voz das ruas teve peso na decisão que eclodiu depois das 23 horas de um longo e cansativo domingo, mas quem conhece o parlamento brasileiro em suas entranhas sabe que o resultado não seria esse se interesses outros não existissem na rota do embate. Se as “pedaladas fiscais” tivessem sido cometidas por Lula, por exemplo, mesmo que na proporção das de Dilma, por certo o pedido de impeachment sequer teria sido acolhido. Isso porque Lula, que nos últimos dias atuou como cafetão político do governo, sempre soube lidar com o Congresso, mesmo que à base do dinheiro imundo.

Nesse enxadrismo político que emoldurou o pedido de impeachment, a figura mais importante foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Quando o assunto é banditismo político, Cunha sempre está na galeria dos laureados, mas é preciso reconhecer que sua participação nesse processo foi preponderante. Não fosse sua determinação e o profundo conhecimento do Regimento Interno da Casa, o impeachment teria fracassado. Prova disso foi a imediata resposta dada pelo presidente da Casa a uma manobra do governo para inviabilizar a votação. Em questão de segundos, Cunha impôs novo nocaute ao governo.

O UCHO.INFO torce para que os corruptos sejam enquadrados pela lei e condenados à altura dos crimes cometidos, e nesse cipoal Cunha tem lugar de destaque, mas é preciso admitir que o presidente da Câmara teve participação decisiva. Este portal vai além e afirma que pela maneira como conduziu o processo desde o início, de maneira estratégica e fria, Eduardo Cunha por certo transformou-se no adversário mais difícil que Lula enfrentou em toda a sua trajetória política. Nem mesmo Fernando Collor, com sua arrogância e os conhecidos rompantes de fúria, chegou a representar uma ameaça a Lula como fez Cunha com invejável maestria.

A partir de agora, com o processo de impeachment nas mãos dos senadores, a missão mais importante é, além de ejetar Dilma do poder, impedir que Eduardo Cunha valha-se desse triunfo momentâneo para escapar da cassação, que, é bom lembrar, já perdeu o prazo de validade.

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