Apenas um mês após a histórica visita de Barack Obama a Havana, o governo cubano acusou o presidente norte-americano de “atacar a fundo” sua cultura e tentar “iludir” o nascente setor privado, no âmbito dos debates do Congresso do Partido Comunista.
Para o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, que falou no 7º Congresso do governante Partido Comunista, a viagem de Obama a ilha caribenha foi “uma visita em que houve um ataque a fundo à nossa concepção, à nossa história, à nossa cultura e aos nossos símbolos”. O evento foi realizado em Havana.
Rodríguez ainda ressaltou que “Obama veio incentivar o setor não estatal da economia, como se ele fosse não um defensor das grandes corporações, mas um defensor daqueles que vendem cachorro-quente, dos pequenos negócios nos Estados Unidos, o que não é [habitual de] Obama”.
Sem abandonar o discurso socialista, Cuba realiza desde 2008 uma série de reformas na sua economia de cunho soviético que incluem uma cautelosa abertura às pequenas empresas privadas e aos investimentos estrangeiros.
Durante sua visita a Cuba, em março, o presidente dos Estados Unidos se reuniu com um pequeno grupo de cuentapropistas (cubanos que trabalham de forma privada e por conta própria), para quem ofereceu o apoio americano para levar adiante seus negócios dentro da nova era de relações entre os outrora inimigos da Guerra Fria.
Rodríguez disse que a revolução cubana serviu justamente para garantir que o “setor não estatal da economia” não seja tomado pelas “grandes corporações americanas”.
Durante sua passagem por cuba, Obama deu a Guerra Fria por encerrada e convidou os cubanos a deixarem o passado para trás, em uma mensagem de reconciliação que foi recebida com reservas por Fidel Castro – líder histórico da revolução – e pela imprensa estatal.
Na abertura do Congresso, no último sábado (16), o presidente Raúl Castro atacou de novo o embargo americano ainda vigente e advertiu que Washington não renunciou aos seus planos para destruir a revolução cubana, mas apenas mudou seus “métodos”.
“Não somos ingênuos nem ignoramos as aspirações de poderosas forças externas que apostam no que chamam de empoderamento das formas não estatais de gestão, com o objetivo de gerar agentes de mudança na esperança de acabar com a revolução e com o socialismo em Cuba por outras vias”, completou Raúl.