Dilma decide viajar aos EUA para macular ainda mais a imagem do Brasil; Temer assume

(Eraldo Perez - Associated Press)
(Eraldo Perez – Associated Press)

Enfrentando uma crise político-institucional sem precedentes e alvo de processo de impeachment legítimo que avança no Senado, a presidente Dilma Rousseff até agora vinha evitando viagens internacionais para não agravar um cenário caótico e que poderia – como ainda pode – ter resultados imprevisíveis.

Vencida a primeira etapa do processo de impedimento, que recebeu sinal verde da Câmara dos Deputados no último domingo (17), Dilma decidiu viajar na próxima quinta-feira aos Estados Unidos, onde, em Nova York, participará da assinatura do Acordo de Paris.

Com a ausência da petista, assume interinamente a Presidência da República o vice Michel Temer, que nos últimos dias intensificou as negociações nos bastidores com vistas à formação de um novo governo, caso o Senado aprove o afastamento de Dilma.

Em tese não há risco para Dilma, uma vez que a equipe de governo manter-se-á fiel à presidente, mas será um teste considerável para Temer no que se refere à promessa de manter-se em silêncio até a decisão do Senado sobre o tema. Aliás, para quem deixou vazar um arquivo de áudio com declarações típicas de governante, a promessa de Michel Temer é no mínimo uma bazófia a mais no cardápio político nacional.


A grande questão nesse enxadrismo político que surge com a viagem presidencial é que Dilma desembarcará em Nova York levando na mala um projeto utópico, que ganhou força depois de algumas matérias de jornais estrangeiros sobre o impeachment. A ideia da presidente é vender no exterior a tese irresponsável que já está sendo disseminada internamente: de que o processo de impeachment é ilegal, que trata-se de um golpe parlamentar e que não houve crime de responsabilidade.

Dilma, como cidadã, tem o direito constitucional de dizer o que quiser, mas sua estratégia, alimentada por assessores mais próximos, é no mínimo prejudicial ao País. Afinal, o que a presidente pretende dizer lá fora não traduz a verdade dos fatos. Houve, sim, crime de responsabilidade no escopo das “pedaladas fiscais” e por conta disso a presidente deve responder por seus atos, mesmo que ela rejeite a acusação. Defender o próprio mandato é um direito da presidente, mas achincalhar o Brasil é insistir no crime de lesa-pátria.

Não bastasse o pífio espetáculo em que se transformou a votação do impeachment no plenário da Câmara – um misto de apuração de desfiles carnavalescos com churrasco na laje –, Dilma quer piorar ainda mais a imagem de um País que há muito vem sendo corroído por escândalos de corrupção e pela notória incompetência do governo.

Dilma deveria aproveitar sua ida aos EUA e, no vácuo de mea culpa, assumir sua parcela de responsabilidade no maior escândalo de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, que causou enormes prejuízos a muitos investidores norte-americanos. Considerando que isso não correrá, fica a certeza de que a propalada coragem de Dilma Rousseff é de camelô.

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