Montando equipe de eventual governo, Temer tropeça ao prometer largo espaço ao corrupto PP

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O Brasil sangra à sombra do período mais corrupto da história, ao mesmo tempo em que a sociedade pede o fim imediato da bandalheira institucionalizada, sob penda de, assim continuando, o País mergulhar em crise irreversível.

Ao contrário do que afirmam os governistas, o processo de impeachment de Dilma Vana Rousseff está longe de ser um golpe parlamentar, abrindo, na forma da lei, a possibilidade de o vice Michel Temer assumir o poder central. Enquanto os palacianos e seus aliados tentam postergar a derrota final, Temer continua articulando nos bastidores com vista à forma de seu eventual governo.

Considerando o momento de gravidade pelo qual passa a nação, um novo governo deve abster-se do fisiologismo imundo que reina na política local, indicando para postos-chave da estrutura do governo pessoas com capacidade reconhecida nas áreas em que eventualmente atuarão. Repetir o modelo adotado por Dilma e lotear o governo é impor ao País “mais do mesmo”, permitindo que o banditismo político continue a dar o tom do cotidiano.

Nos muitos encontros que vem mantendo ao longo dos últimos dias, Michel Temer começou a alinhavar uma possível participação do Partido Progressista em seu governo. Gostem ou não seus integrantes, o PP é o partido com o maior número de parlamentares e filiados investigados pela Operação Lava-Jato, sendo que alguns dos seus próceres estão atrás das grades por decisão do juiz Sérgio Moro, enquanto outros estão na fila do mandado de prisão.

É sabido que no Brasil, assim como em muitas nações democráticas, não se governa sem coalizão, mas o País exige, no momento, um esforço suprapartidário para vencer uma crise múltipla e crescente que poderá culminar em uma catástrofe sem precedentes. Sendo assim, partidos políticos deveriam se dedicar a um plano que garantisse, no Parlamento, a aprovação das medidas necessárias para debelar a crise, situação sem a qual teremos a mesmice atual.


O PP, sob a batuta do então deputado federal José Janene (PR), já falecido, foi o nascedouro do ousado esquema de corrupção que agora é conhecido como Petrolão e permitiu a deflagração da Operação Lava-Jato. O que explica a legião de integrantes do partido que participaram do escândalo que em uma década derreteu os cofres da Petrobras a partir do superfaturamento de contratos com as principais empreiteiras do País.

De tal modo, enxertar o PP no eventual novo governo é cooptar o banditismo político que marcou os trágicos mandatos de Dilma Rousseff, a um passo de ser despejada do Palácio do Planalto. Mesmo assim, Michel Temer não apenas insiste em ter o PP como aliado, mas planeja manter a legenda no comando do Ministério da Integração Nacional e em posto de destaque na Caixa Econômica Federal, assim pode entregar à sigla o Ministério da Saúde, pasta que tem o maior orçamento do governo.

O Brasil vem sendo devorado por surtos no âmbito da saúde pública, como dengue, febre chikungunya, microcefalia e gripe H1N1, o que exige a participação de um especialista no assunto para resolver tais questões, mas Temer pode entregar a pasta ao deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), cuja capacidade como especialista no assunto limita-se saber a diferença entre um esparadrapo em um “Band-Aid”.

Ademais, Ricardo Barros, então secretário de Indústria e Comércio do desnorteado governo de Beto Richa (Paraná), teve conversas telefônicas interceptadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que apurava irregularidades na Secretaria de Serviços Públicos.

Em uma das gravações, dando ordens ao então secretário municipal de Fazenda de Maringá, Leopoldo Fiewski, o possível futuro ministro da Saúde orientou a realização de acordo entre duas agências de publicidade que disputavam licitação na prefeitura no valor de R$ 7,5 milhões. As agências Meta Propaganda e Trade Comunicação e Marketing tiveram o sigilo bancário quebrado. A prisão de Ricardo Barros chegou a ser pedida em uma das fases da queixa-crime feita no Tribunal de Justiça do Paraná, onde ele respondia por ser secretário de Estado.

Barros foi tesoureiro nacional do Partido Progressista, por onde passou ninguém menos que José Janene, tido por muitos como o melhor professor de malabarismo financeiro quando o assunto é caixa 2.

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