Comissão do Impeachment: aduladora de Dilma exalta coerência da incoerente Kátia Abreu

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A Comissão Especial do Impeachment foi transformada em picadeiro pelos governistas que têm a inglória missão de defender Dilma Vana Rousseff. Como se nada representassem as recorrentes pinceladas de deboche que marcam discursos e leituras de textos impostos pelo Palácio do Planalto, a tropa de choque de Dilma não se incomoda em faltar com a verdade ou ultrajar a coerência, se é que os petistas de fato conhecem o significado de tal palavra.

Entre tantos falsos elogios direcionados aos que, nesta sexta-feira (29), compareceram à Comissão para defender a presidente da República, chamou espécie a participação da ministra Kátia Abreu (Agricultura), que na fala da senadora Fátima Bezerra (PT-RN) foi chamada de “coerente e leal”. Se na personalidade da ministra da Agricultura falta alguns ingredientes, coerência e lealdade são dois deles.

Como se fosse amiga de longa data da ainda presidente Dilma Rousseff, a ministra, vale lembrar, foi, em tempos outros, uma ácida e crítica integrante da oposição, tendo dedicado ao governo do PT acusações pesadas e contundentes. Alguém de afirmar que assim funciona a política, mas não se pode chamar de coerente uma pessoa que é adepta incondicional da incoerência.

Para quem não se recorda, Kátia Abreu, então senadora pelo Democratas, foi relatora da PEC 89 que, em 2007, pregava a prorrogação da insuportável CPMF, imposto travestido de contribuição cuja arrecadação teve o destino alterado. O que era para financiar a saúde pública brasileira acabou por engordar os cofres do tesouro Nacional.

Quando, naquele ano, ocupou a tribuna do Senado Federal para defender o seu relatório, que serviu de preâmbulo para uma derrota acachapante do governo do PT, Kátia Abreu não poupou os inquilinos de então do Palácio do Planalto e disparou sua verborragia para bombardear o governo mais corrupto da história nacional.


Kátia Abreu, ao inaugurar a sua fala no plenário do Senado, chamou o governo do PT de “egoísta” e disse que a CPMF era um “imposto fascista”. Disse a senadora em seu discurso: “Nós não podemos deixar que a carga tributária sacrifique a população”. Mais adiante, a agora ministra emendou: “Precisamos acabar com os mitos de que o PAC não terá recursos sem a CPMF. É preciso lembrar que apenas 14% dos investimentos estimados serão feitos pela União. O restante será feito pela iniciativa privada e pelas estatais, que têm seus próprios orçamentos”.

Guindada ao Ministério da Agricultura, Kátia Abreu não demorou para se transformar em amiga da presidente e, ato contínuo, defendeu com desfaçatez desmedida o retorno da CPMF. Ou seja, a incoerência falou mais alto.

Em relação à lealdade, Kátia Abreu não consegue ser leal nem mesmo com ela própria. Conhecida como representante do agronegócio no Congresso e presidente licenciada da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a ministra integra um governo que estimula a invasão de propriedades rurais, apenas porque no momento em que Dilma bambeia no cargo recebe apoio desses delinquentes profissionais que ignoram o direito constitucional à propriedade.

A deslealdade de Kátia Abreu com o setor do agronegócio também não foi ignorada. Após evento no Palácio do Planalto em que a presidente da República endossou a invasão de terras diante de integrantes do MST e de outros grupos afins, a direção da CNA não apenas ficou com o pé atrás em relação à ministra, mas decidiu apoiar o impeachment de Dilma.

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