Ausência de Lula no “1º de Maio” mostra que abandono enfrentado por Dilma tende a crescer

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Ainda presidente da República, a petista Dilma Rousseff enfrenta momentos de solidão e abandono, contando apenas com a defesa insana que alguns senadores fazem do seu mandato na Comissão Especial do Impeachment. Os parlamentares agem como obedientes cumpridores das ordens palacianas, as quais chegam aos mesmos por meio de seguidos telefonemas e mensagens de textos enviadas aos respectivos celulares.

Se até recentemente o Palácio do Planalto reverberava o enfadonho mantra “não vai ter golpe”, agora o silêncio do abandono é quem reina nos corredores do Palácio do Planalto. Isso porque Dilma está abandonada e muitos dos servidores palacianos buscam recolocações ou retorno à função de origem (muitos são “emprestados”).

A grave situação que marca o cotidiano de Dilma, faltando menos de dez dias para a decisão que pode culminar em afastamento de até 180 dias, antes da decisão final do plenário do Senado, foi reforçada pela ausência de Lula no palanque montado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista, para comemorar o 1º de Maio, Dia do Trabalho.

Lula era esperado para discursar ao lado de Dilma e apoiar a sua sucessora, mas um telefonema dado em cima da hora aumentou o isolamento da presidente. Alegando cansaço e excessiva rouquidão, quadro que enseja repouso, Lula disse que não compareceria ao ato por recomendação médico e por pressão da própria família, que teme uma recidiva do câncer que acometeu o ex-metalúrgico na laringe.


Sob um clima típico de “baile do adeus”, Dilma, que nesta semana não tem agenda externa, limitou-se nesta segunda-feira (2) a reunir-se com os ministros Jaques Wagner e Ricardo Berzoini, em clara demonstração de abandono.

Os anúncios repetidos de que Lula, aprovado o afastamento de Dilma, percorrerá o País para discursar contra o golpe não significa que o ex-presidente sairá em defesa do mandato da atual mandatária, mas, sim, para divulgar uma pré-campanha rumo à Presidência. Único nome do PT com cacife eleitoral participar de uma corrida do Palácio do Planalto, Lula usará o caso de Dilma como trampolim para sua candidatura.

Experiente como político, Lula sabe que a situação econômica atual é grave e sem perspectiva de melhora no curto prazo, por isso aposta no fracasso de Michel Temer, caso assuma o governo, para turbinar sua campanha. O ex-presidente da República sabe que a permanência de Dilma no poder seria catastrófica e atrapalharia os seus planos para o futuro.

De tal modo, Dilma que comece a se acostumar com o abandono e a solidão, pois essa coisa de “companheiro” é mera figura de retórica usada pelos integrantes do partido. Não custa lembrar que Dilma rompeu o acordo selado com Lula, que daria ao petista-mor o direito de concorrer à Presidência na eleição de 2014, mas a presidente tomou gosto pelo poder e roeu a corda.

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