Dilma caiu porque odeia política, foi conivente com a corrupção e subestimou os adversários

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Inaptidão à política, ódio aos políticos, desprezo ao Parlamento. Eis os motivos que levaram a presidente Dilma Rousseff a se transformar em alvo de um processo de impeachment, o qual avança na direção do afastamento definitivo, algo que acontecerá dentro de alguns meses, a depender dos votos dos senadores.

Muito se fala em golpe parlamentar por conta do alegado não cometimento de crimes por parte de Dilma Rousseff, mas os petistas que entoam essa enfadonha cantilena esquerdista não aceitam a necessidade de se respeitar a legislação vigente no País como forma de garantir o Estado Democrático de Direito. Interpretam as leis à sua maneira, de acordo com a própria conveniência, sempre tendo como justificativa a tese de que o fim justifica os meios.

Quando Eduardo Cunha assumiu a liderança do PMDB na Câmara dos Deputados, o UCHO.INFO destacou que Dilma deveria estar preparada para enfrentar os piores momentos de sua trajetória política. Afinal, Cunha, banditismo político à parte, é preparado, frio e calculista, chegando ao ponto de tratar o embate parlamentar como se estivesse diante de um tabuleiro de xadrez. Quem conhece Eduardo Cunha sabe que isso é verdade.

Desprovida de competência e truculenta no trato político, Dilma agiu com extrema irresponsabilidade ao colocar o “companheiro” Aloizio Mercadante no comando da Casa Civil, pasta que exige diplomacia para garantir a existência mínima e pacífica de qualquer governo. Embalado pela inépcia, Mercadante é um arrogante que acredita ser o maior dos gênios, mas é o que muitos consideram de “avesso do avesso”.

A chegada de Aloizio Mercadante à Casa Civil foi vista pelos conhecedores da política como um tiro pela culatra disparado por Dilma, que quis ter ao seu lado algum desafeto de Lula, o que em tese proporcionaria certa blindagem contra a peçonha do antecessor. Lula, como se sabe, é um malandro profissional que existe como animal político, por isso a presença de Aloizio Mercadante no Palácio do Planalto foi minguando com o passar do tempo.


Desprovido de sensibilidade para a articulação político e mal visto no Congresso Nacional, onde sempre exalou soberba, Mercadante é um dos artífices do calvário ora enfrentado por Dilma. Quando Eduardo Cunha mirou a presidência da Câmara e começou a correr em busca do seu objetivo, o PT, apoiado pelo governo, insistiu na obtusa candidatura de Arlindo Chinaglia. Ou seja, mais uma vez Mercadante falhou ao tentar impor a hegemonia petista na Câmara.

Àquela altura, o PMDB ainda engrossava a base aliada porque era recompensando com a devida e gorda contrapartida, mas a forma de fazer política dos palacianos foi corroendo essa relação calcada no escambo. Os peemedebistas foram desembarcando lentamente do governo, mesmo permanecendo nos inúmeros cargos que abocanharam ao longo dos anos, mas foi notório esse movimento de debandada.

A relação com os congressistas piorou de tal forma, que Dilma precisou entregar a Michel Temer, o vice que está prestes a ser presidente da República, a coordenação política de um governo incompetente e corrupto. Temer, que é conhecido por atuar com destreza nos bastidores, ficou apenas quatro meses no cargo. Foi “fritado” publicamente por Dilma, que acolheu os conselhos políticos de Aloizio Mercadante.

O ápice da loucura ocorreu quando Dilma, temendo ser apeada do cargo, autorizou alguns emissários a negociarem com Eduardo Cunha uma troca bandoleira. O presidente da Câmara rejeitaria os pedidos de impeachment da petista, mas como reciprocidade teria o apoio do PT no Conselho de Ética, onde há meses tramita um processo de cassação do seu mandato.

Tudo ia bem até que detalhes da negociação criminosa vazaram. Foi o suficiente para Dilma mudar o discurso e tentar salvar a própria imagem diante de uma opinião pública incendiada e que cada vez mais cobrava o fim do governo. Apresentado aos brasileiros como a escória política que tentava negociar o apoio de um governo delinquente, Eduardo Cunha não demorou a mostrar a que veio. Colocou em cena o seu conhecido pragmatismo.

Se a política nacional é uma réplica do inferno, Eduardo Cunha é o primeiro assessor de lúcifer, enquanto Dilma, que apostou todas as fichas no seu jeito ignaro de ser, caiu como castelo de areia e acabou experimentando o calor da derrota. Cunha continua dando as cartas, mesmo afastado da presidência da Câmara e com o mandato suspenso. Dilma a essa altura já deve ter limpado as gavetas e lustrado o discurso do golpe, que desta vez será entoado na porta dos fundos do Palácio do Planalto.

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