Afastamento de Dilma coloca o PT em dificuldade e exige de Lula muito mais do que ele pode dar

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Depois da derrocada que surgiu no rastro do afastamento de Dilma Rousseff, que ainda é temporário, o PT busca uma fórmula para não ser varrido do mapa político nacional e ressurgir das cinzas. A estratégia do momento – também a única – é colocar o plano em marcha a partir dos municípios. Esse cenário torna-se mais viável, mesmo que não represente garantia de sucesso, porque este é um ano de eleições municipais.

O grande problema do PT, no entanto, é a falta de nomes de destaque em um quadro nacional marcado muito mais por contingente numeroso do que por qualidade e excelência dos “companheiros”. O partido sempre existiu na órbita política de Luiz Inácio da Silva, que nos últimos anos teve o falso verniz arranhado pelos escândalos de corrupção e os tropeços de sua gestão como presidente. E essa dependência persistente é muito perigosa.

As supostas lideranças que eventualmente poderiam garantir uma renovação nos quadros petistas acabaram chafurdando na lama da corrupção, comprometendo um plano de olho no futuro. É o caso dos senadores Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), Lindberg Farias (PT-RJ) e Humberto Costa (PT-PE) e do governador Fernando Pimentel (PT-MG).


Sem dúvida a política existe a partir dos municípios, até porque polis em grego significa cidade, mas essa estratégia petista de ressurgimento exige paciência, dedicação e tempo de sobra. Ou seja, no momento atual isso não serve para o PT, pois o partido tem muita pressa. Essa corrida contra o tempo poderá levar a cúpula petista ao cometimento de erros, o que seria fatal nessa fase de desespero diante do estrago político que a legenda proporcionou a si mesma, no melhor estilo tiro pela culatra.

Lula é um animal político, isso não é novidade, mas o agitador de porta de fábrica da era plúmbea nacional não mais existe. Lula é um elitista convicto que finge ser do povo. Sabe de maneira inquestionável como lidar com as massas, mas já não tem a força e disposição de antes, quando o partido era encarado como esperança. Hoje a legenda é um misto de ideologia retrógrada com uma avalanche de corrupção. Eis a marca do PT depois de pouco mais de três décadas de existência.

Resolver esse enigma político não é tarefa fácil e é desafio para poucos dentro do partido, que tem uma clara necessidade de abrigar parte dos “companheiros” que caíram com Dilma Rousseff. No caso de tal estratégia for confirmada, o PT levará para o seu núcleo duro um punhado de derrotados. Algo não recomendável, já que a ordem agora é virar o jogo.

Renovar é preciso, mas o PT tentará fazer tal mudança com velhas lideranças. E mais do mesmo ninguém quer, mesmo entre os militantes do partido. Fora dele, ninguém quer ouvir falar do PT, que já não tem poder para convencer os eleitores escaldados com as lambanças dos “companheiros”.

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