PT sofre de autismo político e finge que desastre da era Dilma e Petrolão não lhe pertencem

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Críticas ao governo da presidente afastada Dilma Rousseff e a próprio partido. Eis a decisão tomada pela cúpula petista em reunião na sede do diretório nacional, em Brasília, a primeira após a saída de Dilma. O núcleo duro da legenda divulgará nesta terça-feira (17) resolução em que faz uma autocrítica e afirma ser possível compreender o impeachment apenas se forem avaliados “os erros cometidos por nosso partido e nossos governos”, principalmente os relacionados às alianças e à política econômica.

Como sempre acontece, os petistas deixam a aceitação dos próprios erros no condicional, como fez Dilma Rousseff antes de deixar o Palácio do Planalto no rastro de decisão do plenário do Senado Federal. A petista disse “posso ter cometido erros”.

Para os dirigentes petistas, o governo desastrado de Dilma Rousseff cometeu “equívocos”, o PT errou ao “relegar tarefas fundamentais como a reforma política, a reforma tributária progressiva e a democratização dos meios de comunicação” e a presidente afastada precisa “apresentar rapidamente um compromisso público” sobre o destino do seu governo, caso retorne à Presidência.

Os petistas, sob o comando de Rui Falcão, sabem que é muito mais que remota a chance de Dilma retornar ao cargo, mas adotam esse discurso como forma de não oficializar a tese do abandono, antecipada pelo UCHO.INFO na edição de segunda-feira (16).


Em relação à reforma política, o PT estava confortável, pois o projeto criminoso de poder contemplava o isolamento dos partidos adversários por meio da asfixia financeira. As poucas mudanças feitas na seara política foram suficientes para o PT imaginar que permaneceria por décadas no poder. Isso só seria possível se o maior escândalo de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, não tivesse sido denunciado pelo editor do UCHO.INFO e pelo empresário Hermes Magnus.

Como se sofresse de autismo político, o PT insiste na cantilena do golpe. “O avanço do movimento golpista, no entanto, somente poderá ser corretamente entendido se avaliarmos, de forma autocrítica, os erros cometidos por nosso partido e nossos governos. O fato é que não nos preparamos para o enfrentamento atual, ao perenizarmos o pacto pluriclassista que permitiu a vitória do ex-presidente Lula em 2002 e a consolidação de seu governo nos anos seguintes”, destaca o documento.

No tocante à roubalheira institucionalizada, os petistas não assumem a responsabilidade por inteiro de seus atos, colocando a culpa nas legendas adversárias. “Terminamos envolvidos em práticas dos partidos políticos tradicionais, o que claramente afetou negativamente nossa imagem e abriu flancos para ataques de aparatos judiciais controlados pela direita”, exalta a decisão do diretório nacional.

Sobre a Operação Lava-Jato, que interrompeu o assalto aos cofres da Petrobras e de outras estatais, o PT reforça que a ação da Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público, teve “papel crucial na escalada golpista”. “[A operação] configurou-se paulatinamente em instrumento político para a guerra de desgaste contra dirigentes e governantes petistas”, reforça o texto. Como se saquear a estatal petrolífera não configurasse o mais sórdido dos golpes.

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