O famoso quem. Quem mesmo?

(*) Carlos Brickmann

carlos_brickmann_10Evo Morales se opõe duramente ao impeachment de Dilma, e terá apoio firme de Maduro, assim que Maduro souber o que é impeachment. Foram falar duro com Serra e levaram dois merecidos coices (dados de um especialista reconhecido), para aprender a não se envolver na política externa dos vizinhos. Afinal, como disse Chico Buarque, o Brasil aprendeu com o PT a falar grosso com os americanos. Pena que tenha esquecido de engrossá-la contra quem tenta brincar de mandar no Brasil.

O problema é que, se política externa se resumisse à voz grossa, Lula estaria no lugar de Angela Merkel. E não é bem assim.

No século 19, o conde Otto von Bismarck moveu várias guerras para unificar, sob o trono da Prússia, os vários povos de etnia germânica: Dinamarca, Schleswig-Holstein, Áustria, França, ganhando uma a uma até que a Grã-Bretanha, a superpotência da época, embora enfraquecida, ameaçou desembarcar na Prússia para retomar o controle da situação europeia. A imprensa perguntou a Bismarck qual seria sua reação se os ingleses invadissem território prussiano.

Bismarck afetou surpresa diante de possibilidade tão inesperada, e respondeu em linguagem popular, como se nada houvesse a discutir:

– ¨Ué, chamaria a Polícia!¨

Os ingleses só retornaram à Europa na 1ª Guerra Mundial.

Apetitosos

Bismark não era apenas um frasista: foi um dos mais requintados estudiosos da época em política europeia e internacional, advogado fluente em inglês, francês e russo, grande negociador. Sabia formular a frase (e sabia formulá-la antes). Lula também é bom de negociação, de compreensão política, mas seu intelectual é Marco Aurélio Top Top Garcia.

Seus aliados bolivarianos talvez precisem de algum apoio intelectual extra. Ou jamais faltarão a José Serra boas presas para o jantar.

As amigas jararacas 1

Há quem diga que, uma vez jararacas, sempre jararacas. Falso: jararaca pode perfeitamente ser amiga (embora falsa, mas quem se preocupa com isso?) de outras jararacas.

O jogo não para. Jararaquinhas de índole menos voraz ou de espécies menos dotadas de neurônios já saíram do jogo, jararacas mais bem habituadas ao jogo já voltaram. Há jararacas rodando pelos jardins presidenciais, todas de dentes afiados e bolsos chacoalhando.

As amigas jararacas 2

Mas só há, longe dos palácios, duas jararacas de primeiro time, capazes de fazer a guerra e a paz: uma delas é Serra, claro. E não se surpreenda: a outra é Lula.

Ambos têm idade próxima e semelhante disposição de luta. Serra não aceita, depois de se preparar a vida inteira para ser presidente, contentar-se com título de o “o melhor ministro de Relações Exteriores” do mundo, ou coisa parecida. E Lula quer algo mais do que se desviar de Curitiba em cada uma de suas viagens.

Jararacas experientes

Não duvide: ambos já mostraram do que são capazes. Serra saiu do PMDB por considerar insuportável o convívio com Quércia. Passados alguns anos, para vencer as eleições em São Paulo, o convívio de repente se tornou suportável e Serra fechou com Quércia (venceram).

Lula detestava o PMDB, mas foi com o PMDB que marchou para a Presidência. E os amigos? Serra buscou sozinho Michel Temer para jogarem juntos o jogo do impeachment.

…e venenosas

Lula nem cara feia fez na queda de Dilma, e abandonou sem choro nem vela cada um dos guerreiros brasileiros apanhados em Curitiba. Além dos mais, Lula e Serra, ambos são igualmente ambiciosos. Cada um é o caminho do outro para sair da crise.

Tem jogo, sim.

O PMDB de (maus) resultados

Lembra de Gabriel Chalita, o menestrel tucano, secretário de Alckmin que escrevia livros e livros em homenagem a seus notáveis líderes? Bom, foi tentar a sorte no PMDB, mas o lugar era de Paulo Skaf. Aí virou petista, esquerdérrimo, Haddad desde criancinha.

Alguém sabe por onde anda Chalita?

O PT brinca

Haddad, há quatro anos brincando de prefeito paulistano, resolveu reaparecer brincando de pegadinhas com o historiador Marco Antônio Villa, a quem definitivamente não aprecia. Enquanto brincava com Villas, quem sofreu foi a cidade com um temporal, que mortos deixou, além de mais de uma centena de árvores que caíram.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

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