Nova fase da Lava-Jato chega ao nascedouro do Petrolão ao prender João Cláudio Genu

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Deflagrada na manhã desta segunda-feira (23), a Operação Repescagem (29ª fase da Operação Lava-Jato) poderia facilmente ser batizada como Operação Nascedouro. Em ação desde as primeiras horas da manhã para cumprir três mandados de prisão e seis de busca e apreensão, a Polícia Federal prendeu, em Brasília, João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do Partido Progressista, legenda que tem ao menos 26 integrantes acusados de envolvimento no Petrolão, o maior esquema de corrupção de todos os tempos.

Muito além de cuidar das finanças do PP, Genu foi braço direito do então deputado federal José Janene, falecido em outubro de 2010 e mentor intelectual do acintoso esquema de corrupção que durante uma década funcionou na Petrobras.

Se para muitos a prisão de João Claudio Genu aparentemente pouco acrescenta no escopo da Lava-Jato, para alguns frequentadores significa a possibilidade de uma hecatombe, já que o ex-assessor parlamentar sabe muito, e com detalhes, sobre os bastidores do Petrolão.

No momento em que o Mensalão do PT começava a dar sinais de fraqueza, antes da CPMI dos Correios, Janene apresentou ao então presidente Lula o esquema criminoso que garantiria ao petista apoio no Congresso Nacional. Nesta segunda-feira, mais uma vez, os integrantes do Ministério Público Federal (MPF) que atuam na Lava-Jato confirmaram que o Petrolão substituiu o Mensalão, algo que o UCHO.INFO alertou em agosto de 2005.


“O Petrolão é continuidade do Mensalão. Está cada vez mais demonstrado”, afirmou o delegado federal Luciano Flores, em entrevista coletiva concedida em Curitiba. “A gente pode fazer um paralelo entre o Mensalão e a Lava-Jato com uma nitidez muito mais aprofundada neste momento. Por exemplo, no Mensalão, o João Cláudio Genu foi condenado porque ele sacou aproximadamente R$ 1,05 milhão (…). Já na Lava-Jato, nós já temos mais de R$ 2 milhões de pagamento de propina para ele”, ressaltou o delgado da PF.

De acordo com representação da Polícia Federal e parecer do MPF, que embasaram a decisão da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, os delatores Alberto Youssef, Carlos Rocha e Fernando Soares (conhecido como Fernando Baiano) apontaram Genu como um dos beneficiários da propina por intermédio do recebimento de valores em espécie, que eram repassados a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.

João Claudio Genu é acusado de ter movimentado, sem justificativa, R$ 7 milhões entre 2005 e 2013. Em nota, o Partido Progressista enfatizou que “não admite a prática de atos ilícitos” e afirmou “confiar no trabalho da Justiça para que a verdade prevaleça”.

Considerando que o ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, que continua preso em Curitiba, fez acordo de delação e revelou detalhes comprometedores do esquema criminoso, uma eventual colaboração premiada de Genu colocaria o partido à beira da implosão, já que muitos dos próceres da legenda estão encalacrados na Lava-Jato. Para medir o nível de preocupação do partido em relação ao tema não é preciso muito esforço. Basta identificar os advogados contratados pelos líderes do PP. Todos badalados e conhecidos por cobrarem honorários estratosféricos, se comparados com a crise econômica que chacoalha o País.

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