Operação Turbulência: empresário líder de esquema criminoso e foragido da PF é encontrado morto

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Alvo de mandado de prisão no âmbito da Operação Turbulência, da Polícia Federal, e considerado foragido, o empresário Paulo Cesar de Barros Morato foi encontrado morto na noite desta quarta-feira (22), em um motel de Olinda, Região Metropolitana do Recife.

Ainda não se sabe a causa da morte de Morato, mas informação repassada pela advogada revela que o empresário já teria tentado o suicídio. Mesmo assim, essa hipótese não convence, principalmente pela extensão do esquema criminoso que é alvo da operação policial.

“Quem vai cuidar da investigação por enquanto é a Polícia Civil. Mas já foi designado um policial federal para acompanhar os trabalhos da perícia. Se for constatado que as circunstâncias da morte têm ligação com a Operação Turbulência, aí Polícia Federal pode entrar nas investigações”, afirmou o assessor de comunicação da Polícia Federal, Giovani Santoro.

A Operação Turbulência começou com as investigações cobre a compra do avião Citation 560 XLS (prefixo PR-AFA), que acidentou-se em Santos, no litoral paulista, matando Eduardo Campos, então presidenciável do PSB, e outras seis pessoas que estavam na aeronave. A PF identificou um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado até R$ 600 milhões. A movimentação financeira criminosa era alimentada propinas e usava empresas de fachada e sócios “laranjas” para lavar o dinheiro ilícito.

Os investigadores buscam um possível elo entre as empresas citadas na Turbulência e outras envolvidas na Operação Lava-Jato e em investigações que estão no Supremo Tribunal Federal (STF).


Na terça-feira (21), a PF prendeu quatro pessoas – Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto Lapa Rosal e Apolo Santana Vieira, João Carlos Lyra Pessoa Filho, acusados de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Morato era o “verdadeiro responsável pela empresa Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem Ltda.”, empresa que apareceu no organograma de aquisição da aeronave.

A PF afirma que, por meio da empresa e outras mais, Morato teria “aportado recursos para a compra da aeronave PR-AFA (que caiu com o ex-governador Eduardo Campos em 2014) e recebido recursos milionários provenientes de empresas de fachada utilizadas nos esquemas de lavagem de dinheiro, engendrados por Alberto Yousseff e Rodrigo Morales e Roberto Trombeta, além de provenientes da construtora OAS”.

A Câmara & Vasconcelos é apontada no inquérito da Polícia Federal destinatária de recursos da construtora OAS, no total de R$ 18.858.978,16. O relatório das investigações destaca que “chama a atenção” o repasse de quase R$ 19 milhões para “uma empresa fantasma, a qual possui ‘laranjas’ confessos em sua composição societária, o que representa um claro indicativo de lavagem de dinheiro”.

Na operação, a PF apreendeu sete automóveis de luxo, dois barcos, dois helicópteros, um avião, 45 relógios de marcas internacionais famosas, R$ 3,6 milhões, dólares e revólveres. O material apreendido mostra o profissionalismo do grupo alvo da Turbulência e que a morte de Paulo Morato pode não ser uma mera coincidência. Até porque, o empresário era um arquivo vivo e qualquer depoimento às autoridades seria devastador. Não deve ser descartada a participação de mais pessoas no esquema criminoso.

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