Turquia proíbe acadêmicos e cientistas de viajarem ao exterior

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O Conselho de Ensino Superior da Turquia proibiu, nesta quarta-feira (20), cientistas e professores universitários de viajar ao exterior. Autoridades governamentais disseram que se trata de uma medida provisória para evitar que pessoas suspeitas de envolvimento com a fracassada tentativa de golpe de Estado fujam do país.

Além disso, os acadêmicos que estiverem no exterior deverão retornar ao país o mais rapidamente possível, acrescentou o conselho, em comunicado enviado às universidades. As exceções deverão ser concedidas apenas em caso de “absoluta necessidade”.

Cerca de 50 mil funcionários – incluindo professores, policiais, juízes e servidores públicos – já foram demitidos, afastados ou detidos após a tentativa de golpe na Turquia, afirmou nesta quarta-feira o jornal turco “Hürriyet”. Na terça-feira, o Ministério da Educação cassou a licença de 21 mil professores de instituições de ensino privadas, no âmbito das investigações para localizar supostos colaboradores.

Eles se somam aos mais de 25 mil funcionários públicos suspensos de suas funções por terem sido apontados como suspeitos de vinculação com o clérigo Fethullah Gülen, acusado pelo presidente Recep Taiyyp Erdogan de instigar a tentativa de golpe. Gülen foi aliado de Erdogan até 2013, mas desde então é seu principal adversário. Ele vive nos Estados Unidos e continua sendo extremamente influente na Turquia.

A maioria dos funcionários afastados trabalha para instituições ligadas ao Ministério da Educação (15.200 pessoas, incluindo professores) e do Interior (8.777). O governo turco também exigiu a renúncia de 1.577 reitores de universidades públicas e privadas. Também foram afastados 1.500 funcionários do Ministério das Finanças, 500 da Diyanet (equivalente ao Ministério de Religião), outras centenas em Assuntos Sociais e Presidência, e cem pessoas no serviço secreto.


Wikileaks bloqueado

O Wikileaks divulgou nesta quarta-feira quase 300 mil e-mails associados ao partido AKP, de Erdogan, e a Turquia bloqueou de imediato o acesso ao site. Segundo o Wikileaks, os e-mails tratam, sobretudo, de assuntos internacionais e não de “temas internos mais sensíveis”.

A mesma fonte acrescentou que os e-mails datam de 2010 até 6 de julho de 2016 e foram obtidos antes da tentativa de golpe de Estado, na sexta-feira passada. “O Wikileaks decidiu antecipar a publicação em resposta aos expurgos pós-golpe por parte do governo”, afirmou o portal, que acrescentou que a fonte dos e-mails não tem qualquer ligação com as pessoas por trás da tentativa de golpe ou com qualquer partido político rival ou Estado.

Um funcionário do governo turco afirmou que o site do Wikileaks foi bloqueado “devido à violação de privacidade e publicação de dados obtidos de forma ilegal”.

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