Ao dizer que Temer quer antecipar impeachment por medo de delação, Dilma mostra desespero

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Faltando poucos dias para o início do julgamento derradeiro de Dilma Rousseff, cresce o desespero no entorno da presidente afastada, que também foi alcançada pela tensão, o que é normal em momentos de extrema dificuldade.

Ciente de que são remotas as chances de retornar ao Palácio do Planalto, Dilma tem aproveitado as viagens a Porto Alegre, onde mora a família, para levar parte da mudança. À capital gaúcha a petista tem levado, a bordo de jatinho da FAB, roupas e livros. O restante da mudança será levado por caminhões, caso seja confirmado pelo Senado o impeachment.

Mesmo vivendo momentos de muitas incertezas e pressão, Dilma tem encontrado tempo para disparar contra o seu vice, o interino Michel temer, que deverá ser confirmado no cargo na próxima semana. Essa destilação de veneno faz parte da estratégia suicida de tentar reverter o placar, que deve ser de 60 senadores a favor do impedimento. De acordo com o que determina e legislação pertinente, são necessários no mínimo 54 votos para aprovar o impeachment de um presidente da República.

Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, do SBT, levada ao ar no domingo (21), Dilma disse que a pressa do presidente interino em acelerar o processo de impeachment só tem uma explicação: o temor de eventual delação premiada.

“Por que eles tem tanto interesse em antecipar, em dias, o impeachment? Para mim, eles têm medo de uma delação que mostre claramente qual é o grau de comprometimento de quem meu julgamento beneficia: o governo interino, provisório e ilegítimo”, disse Dilma ao jornalista.

A presidente afastada pode tergiversar à vontade, até porque o Brasil ainda é uma democracia, que como tal privilegia o direito à livre manifestação do pensamento, mas não há como alegar que o processo de impeachment foi acelerado para atender a interesses terceiros.


Quem acompanhou o processo de perto sabe que os prazos foram elásticos e estendidos, quando preciso, para atender aos pleitos dos advogados da petista, assim como foi respeitada Constituição Federal, cumprido o que determina a legislação pertinente e garantido o amplo direito de defesa. Tanto é assim, que o Supremo Tribunal Federal (STF) não fez até então qualquer observação acerca da tramitação do processo.

O objetivo do plano petista é disseminar entre os senadores a dúvida sobre eventual denúncia contra Michel Temer. Considerando que no Brasil política faz-se apenas com muito dinheiro, na maioria das vezes de origem criminosa, nove em cada dez políticos correm o risco de delações.

Como o PT foi flagrado no núcleo do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, o que pode levar o partido a drástico encolhimento em termos eleitorais, os “companheiros” não aceitam ir ao cadafalso sem companhia. Querem de qualquer maneira provar que todos os políticos brasileiros são iguais e merecem ser punidos com rigor. Mas esse é um trabalho que compete à Justiça, não ao partido.

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