Lava-Jato deve funcionar por mais dois anos e crise institucional acompanhará cronograma

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Quando o UCHO.INFO afirmou, em meados de 2015, que a Operação Lava-Jato ainda estava em sua primeira metade, muitos acreditaram ser excesso de ousadia de nossa parte. Ao contrário, pelo fato de o editor do portal ter sido um dos responsáveis por denunciar o maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, fizemos tal afirmação com base no conhecimento sobre a extensão da roubalheira que levou o Brasil a uma inédita e múltipla crise (política, moral, ética e institucional), além da crise econômica que devasta a nação.

Na última semana, o Ministério Público Federal prorrogou por mais um ano a Lava-Jato, o que confirma a nossa informação. Contudo, os procuradores da República, com base nos resultados e desdobramentos das investigações, decidiram que a operação durará pelo mais dois anos.

Não há dúvida de que o Brasil precisa ser passado a limpo e que isso só será possível a partir de profunda assepsia no meio político, com direito à prisão de alguns próceres (sic) da vida nacional, mas é importante que os brasileiros de bem saibam que essa faxina tem um preço muito alto.

De nada adianta querer a necessária e importante limpeza e ao mesmo tempo exigir que o País funcione dentro da normalidade. Isso é simplesmente impossível, pois não haverá contingente político livre de confusão para levar adiante as reformas político-administrativas tão esperadas. Sacrifício terá de ser feito em qualquer situação, pois é fundo o atoleiro da crise em que encontra o Brasil. Mas é preciso ter consciência da necessidade desse esforço para que consigamos virar a página.

Não se trata de defender os corruptos ou querer abrandar as respectivas punições, mas de ser realista diante dos fatos e de pensar no longo prazo. Alguém há de dizer que a solução está em eventual intervenção militar, mas isso é retroceder no tempo e ressuscitar a plúmbea era nacional. Banditismo político não se resolve com a força e totalitarismo, mas com a consciência dos cidadãos e sobre os ditames da democracia.


Considerando que a Justiça brasileira é conhecidamente avessa à celeridade, além de conter inúmeros atalhos que só beneficiam os réus, sonhar com solução imediata é pesadelo. É preciso mudar o Brasil como um todo e dedicar-se intensa e incondicional para que o futuro seja digno com as próximas gerações.

No momento em que o Supremo Tribunal Federal passa a funcionar como instância penal por força do chamado foro especial por prerrogativa de função (foro privilegiado), imaginar que o caos sairá de cena tão rapidamente é querer ser enganado. O STF deveria funcionar como instância recursal e de questões que envolvam a Constituição Federal, mas não é isso que acontece. Ao contrário, a Corte foi transformada em trincheira de malandros profissionais que enxergam no mandato eletivo uma cornucópia criminosa.

É preciso extinguir o tal foro privilegiado e mudar a lei para que condenações sejam válidas e passiveis de execução com sentença proferida por colegiado de segunda instância, como acontece em muitas democracias ao redor do planeta. Sem mudanças de base o banditismo político há de avançar, ao passo que o Brasil continuará andando de lado e para trás. Porém, até que mudanças ocorram, deve-se respeitar o que estabelece a lei. A democracia verde-loura é jovem e o brasileiro, preguiçoso em termos políticos. Em suma, ou muda-se de maneira planejada ou aceita-se a dura realidade.

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