A prisão do ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda e Casa Civil) nesta segunda-feira (26), no vácuo da Operação Omertà (35ª fase da Operação Lava-Jato), se deu por conta de um esquema de corrupção que proporcionou ao petista e ao PT a bagatela de R$ 128 milhões em propinas pagas pela construtora Odebrecht, mas seu advogado, o conceituado criminalista José Roberto Batochio, alega desconhecer os motivos que levaram seu cliente a ser alvo da Polícia Federal.
Batochio disse que o ex-ministro jamais recebeu vantagens ilícitas, mas o simples fato de ter coordenado o “conta corrente de propinas” da Odebrecht com o PT é motivo mais que suficiente para a decretação da prisão de Palocci, um alarife dissimulado que é conhecido nos subterrâneos da política nacional. Tanto é assim, que não por acaso o ex-caseiro Francenildo Costa, o Nildo, acusou o petista de comandar um esquema de corrupção, ainda no primeiro governo Lula, a partir de mansão à beira do Lago Sul, em Brasília.
O advogado ressaltou que a Operação Omertà foi deflagrada faltando poucos dias para as eleições municipais, ou seja, quis o criminalista dar a entender que a ação teria fins eleitorais. “Soa muito estranho que às vésperas das eleições seja desencadeado mais este espetáculo deplorável, que certamente produzirá reflexos no pleito”, disse o defensor de Palocci.
Contudo, é importante esclarecer que o PT não pode decidir quando seus integrantes serão presos por envolvimento no maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão. Até porque, para o deboche ser completo só falta Lula e sua turba definirem quando devem ocorrer as prisões no âmbito da Lava-Jato.
De forma acertada, Batochio criticou a declaração do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que no domingo (25) afirmou que nova operação da Polícia Federal aconteceria ainda nesta semana. Como a legislação eleitoral proíbe a prisão de qualquer pessoa, exceto em flagrante, no período de cinco dias antes das eleições (e 48 horas depois), a mencionada operação só poderia ocorrer nesta segunda-feira.
“Muito mais insólita foi a antecipação do show pelo sr. ministro da Justiça em manifestação feita exatamente na cidade de Ribeirão Preto, onde Palocci foi prefeito duas vezes. Tempos estranhos”, declarou o criminalista.
Em relação a “tempos estranhos”, esses ocorreram ao longo da “propinocracia” comandada pelo ex-presidente Lula e pessoas próximas, ação criminosa sangrou os cofres da maior empresa brasileira, a Petrobras.
Em países minimamente sérios, com autoridades responsáveis, Palocci teria sido preso há muito mais tempo, assim como Alexandre de Moraes já estaria demitido do cargo de ministro da Justiça. É inaceitável que um ministro de Estado, que tem sob sua responsabilidade, no âmbito administrativo, a corporação que operacionaliza as ações da Lava-Jato, antecipar uma etapa do processo por conta de histrionismo exacerbado.
Diferentemente do que ocorreu no caso do ex-advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, demitido pelo presidente da República por telefone, Michel Temer quer antes ouvir as explicações do ministro da Justiça para decidir o que fazer. Com a possibilidade o caso ficar como está até cair no esquecimento.