Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso preventivamente (por tempo indeterminado) nesta quarta-feira (19), em Brasília, devendo chegar a Curitiba, sede da Operação Lava-Jato, no final da tarde.
Responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos resultantes da Lava-Jato, o juiz Sérgio Moro acolheu pedido do Ministério Público Federal (MPF) determinou a prisão de Cunha.
De acordo com o MPF, em liberdade o deputado cassado representa risco à instrução do processo e à ordem pública. Além disso, os procuradores da força-tarefa argumentaram que “há possibilidade concreta de fuga em virtude da disponibilidade de recursos ocultos no exterior” e da dupla nacionalidade.
Para justificar o pedido de prisão do ex-presidente da Câmara, os procuradores elencaram procedimentos adotados por Eduardo Cunha para atrapalhar as investigações, como a convocação, pela CPI da Petrobras, da advogada Beatriz Catta Preta, que atuou como defensora de Júlio Camargo.
Lobista e delator no âmbito da Lava-Jato, Camargo, em depoimento s autoridades, acusou Cunha de ter recebido propina da Petrobras. Por outro lado, sem explicações claras e convincentes, Beatriz Cata Preta abandonou a advocacia e teria deixado o País.
Cunha é acusado de receber US$ 5 milhões em propina a partir de contrato de exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas secretas na Suíça para lavar o dinheiro da corrupção. O juiz Sérgio Moro havia intimado Cunha na última segunda-feira (17), dando ao réu prazo de dez dias para a defesa prévia.
Acostumado aos prazeres da boa vida, algo que nos últimos anos se dedicou a reboque do dinheiro da corrupção, como comprovam as investigações, Eduardo Cunha é um explosivo arquivo ambulante, tamanha é a quantidade de informações que o peemedebista armazena, inclusive com direito a provas documentais. Isso significa que Cunha poderá aderir à delação premiada, mesmo sabendo que as autoridades da Lava-Jato querem que antes de qualquer acordo ele passe alguns anos atrás das grades.
É importante ressaltar que Eduardo Cunha é um político habilidoso que sempre operou com destreza nos bastidores do poder, mas sua chegada à presidência da Câmara dos Deputados se deu à sombra do financiamento de dezenas de campanhas eleitorais em várias regiões do País. Ou seja, o deputado cassado pode arrastar pelo menos trinta parlamentares ao olho do furacão.