Ministro diz que Lava-Jato continuará até quando for necessário; resta saber se a economia resiste

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Em entrevista concedida à Rádio Estadão nesta segunda-feira (31), o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou que a Operação Lava-Jato “vai até onde os fatos levarem”. A afirmação frustra a vontade de vários nomes conhecidos no meio político, que tentam a qualquer custo, inclusive no grito, barrar a operação da Polícia Federal.

De acordo com Moraes, essa é uma questão do Poder Judiciário, que tem todo o apoio do Ministério da Justiça e da Polícia Federal. “Até aonde o Ministério Público entender necessário o aprofundamento das investigações, teremos operações”, destacou.

Questionado sobre a situação envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na reunião de conjunta sobre segurança pública que ocorreu na última sexta-feira (28), o ministro disse apenas que o saldo do encontro foi muito importante, porque mostrou união dos três Poderes pela segurança pública.

O “todo-poderoso” presidente do Senado havia chamado Alexandre de Moraes de “chefete de polícia” ao criticar a ação da Polícia Federal na Operação Métis, que prendeu temporariamente quatro policiais legislativos na sexta-feira anterior.


Sem dúvida é preciso combater a corrupção de forma implacável, mas é importante saber até que ponto o Brasil resistirá, em termos econômicos, ao avanço da Lava-Jato. Não se trata de defender corruptos e corruptores, mas de estabelecer um limite de tempo para que, em algum momento, o País retome a segurança jurídica que os investidores internacionais tanto cobram.

Considerando que a delação coletiva do grupo Odebrecht deverá arrastar ao olho do furacão pelo menos 200 parlamentares, uma dúzia de governadores e quase dez ministros, ninguém, em sã consciência, apostará em um governo que pode desmoronar a qualquer momento, dependendo do conteúdo dos depoimentos dos implicados no Petrolão. Sem condições de investir em setores primordiais, o Brasil precisa de capital estrangeiro para equacionar o gargalo da infraestrutura.

Na Itália, por ocasião da Operação Mãos Limpas, os políticos decidiram, em dado momento, estancar as investigações como forma de não levar o país europeu ao colapso econômico. Muitos políticos italianos foram processados e presos, ao passo que outros escaparam ilesos ou foram apenas chamuscados. Mesmo assim, ficou um claro recado àqueles com vocação para a roubalheira desenfreada. A Itália não é o panteão da pureza e da honestidade política, mas a corrupção diminuiu consideravelmente por lá.

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