Resultados das eleições e delações da Lava-Jato colocam Geraldo Alckmin na dianteira do PSDB para 2018

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O desenho da política brasileira mudou nas últimas semanas por dois motivos distintos: os resultados das eleições municipais e as denúncias no âmbito da Operação Lava-Jato. No rastro de um movimento antipetismo, o PSDB conseguiu arrancar das urnas eleitorais uma vantagem expressiva, uma vez que o partido governará 25% dos eleitores brasileiros. À frente de importantes cidades do País, o PSDB pode sonhar com voos mais altos, algo que não acontecia desde a derrota em 2002, quando Lula, o dramaturgo do Petrolão, derrotou José Serra.

Com as eleições municipais finalizadas com a realização do segundo turno, o principal vitorioso não foi um candidato especifico, mas o governado Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo. Alckmin não apenas conseguiu emplacar seu candidato na maior cidade brasileira, João Doria, mas triunfou no chamado “cinturão vermelho”, formado por municípios do entorno da capital paulista que durante anos foram redutos petistas (Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul). Além disso, o PT foi derrotado em Guarulhos, Diadema e Mauá.

Diante desse resultado, Geraldo Alckmin ganhou a dianteira na disputa interna do tucanato em relação à eleição presidencial de 2018. Na seara eleitoral, a vantagem de Alckmin consolidou-se com a derrota de João Leite, candidato do PSDB à prefeitura de Belo Horizonte e que tinha o apoio escancarado do presidente nacional da legenda, Aécio Neves.


É importante destacar que Aécio registrou nos últimos anos péssimo desempenho eleitoral em Minas Gerais. Na disputa presidencial de 2014, o senador perdeu em seu próprio estado, assim como viu seu candidato ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, fracassar nas urnas. Com a derrota de João Leite, o presidente do PSDB perdeu força com vistas a 2018.

Se até então o PSDB tinha três pré-candidatos ao Palácio do Planalto, com o resultado das urnas restou, além do governador paulista, o ministro José Serra (Relações Exteriores), que apostou contra a candidatura de João Doria.

Contudo, na última semana o cenário mudou mais uma vez, antes da realização do segundo turno das eleições municipais. Isso porque dois executivos da construtora Odebrecht – Pedro Novis e Carlos Armando Paschoal – que aderiram às negociações de delação coletiva (ao todo são 80 delatores) afirmaram à força-tarefa da Lava-Jato que Serra recebeu, por meio de caixa 2, R$ 23 milhões (R$ 34,5 milhões em valores atualizados) como contribuição da empreiteira à sua campanha de 2010, quando o agora ministro foi derrotado por Dilma Rousseff.

A partir dessa grave acusação, que precisa ser confirmada, José Serra é mais uma carta fora do baralho tucano para 2018. Ao governador Geraldo Alckmin, que na opinião dos paulistas está deixando a desejar, resta torcer para que João Doria faça o melhor possível na Pauliceia Desvairada, conhecida como principal vitrine da política brasileira.

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