Lava-Jato: Lula continua sem explicar como mantém renomados advogados no Brasil e no exterior

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Há na seara da defesa do ex-presidente Lula alguns pontos a esclarecer, além dos muitos que recheiam as investigações e denúncias de corrupção e outros crimes. Como a extensa maioria dos flagrados no Petrolão, o maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos, Lula simplesmente nega as acusações que lhe fazem as autoridades. Alega ser inocente e vítima de perseguição política, mas ainda não explicou o milagre da multiplicação, algo que tornou-se corriqueiro no seio da própria família.

Para se defender no âmbito da Operação Lava-Jato e tentar evitar uma condenação que lhe dará o direito de passar alguns anos atrás das grades, Lula tem se valido de um séquito de advogados, cuja estrela maior é o criminalista José Roberto Batochio, um dos mais conceituados do País. E os honorários cobrados por Batochio estão longe de ser pequenos. Há quem garanta que para sonhar em ter o criminalista como defensor é preciso estar disposto a pensar na casa dos sete dígitos.

Sem remuneração como ex-presidente da República, Luiz Inácio da Silva recebe mensalmente o valor correspondente à aposentadoria e um montante como presidente de honra do Partido dos Trabalhadores, se é que a legenda merece qualquer menção honorifica. Esses proventos somam, no máximo, R$ 30 mil mensais, em valores brutos, o que impede qualquer cidadão de manter um corpo de advogados capitaneados por Batochio.

Não obstante, embalado pela tese esdrúxula de que é alvo de caçada judicial por ter transformado (sic) o Brasil, Lula contratou o advogado australiano Geoffrey Robertson, especialista em direitos humanos e com escritório em Londres. Robertson é responsável por defender Lula no Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, empreitada que certamente está a consumir alguns milhões de dólares. Considerando que na Suíça um reles copo de suco de laranja custa o equivalente a R$ 40, os honorários de Geoffrey Robertson também giram na casa dos sete dígitos, só que em dólar.


Na última quarta-feira (16), o advogado Cristiano Zanin Martins viajou a Genebra para, ao lado de Robertson, participar de coletiva de imprensa em que a Justiça brasileira foi classificada como “primitiva”. Durante o encontro com jornalistas, Martins e Robertson disseram ter certeza da condenação de Lula. E uma viagem à Suíça, com direito a coletiva de imprensa, não é uma operação barata.

Na segunda-feira (21), em Curitiba, os advogados de Lula participaram da oitiva das testemunhas de acusação no caso do polêmico apartamento triplex em Guarujá, imóvel que os investigadores afirmam ser produto de propina no escopo do Petrolão. Durante o depoimento das testemunhas, os defensores de Lula tentaram tumultuar os trabalhos da Justiça com perguntas e intervenções descabidas em termos temporais.

Tirante a tentativa da defesa de Lula de tumultuar os depoimentos das testemunhas, manobra que resultou em um bate-boca dos advogados com o juiz Sérgio Moro, chamou a atenção o fato de o porta-voz dos defensores do ex-metalúrgico ser Cristiano Zanin Martins (genro do compadre do ex-presidente), enquanto o renomado criminalista José Roberto Batochio limitou-se a acompanhar as declarações do colega de profissão aos jornalistas.

Se o objetivo do grupo de advogados é passar à opinião pública a ideia de que Lula é inocente e vítima de caçada judicial, o que não é verdade, o melhor seria escalar Batochio para essa missão impossível. Até porque, o currículo do criminalista é suficiente o bastante para tanto, sem contar seus muitos anos de “estrada”. Não se trata de minimizar a competência de um advogado e incensar a de outro, mas contratar um profissional do naipe de José Roberto Batochio e deixá-lo em segundo plano é não ter apreço pela liberdade.

Mesmo assim, nos casos de José Roberto Batochio e Geoffrey Robertson há pelo menos uma coincidência. O dinheiro para custear os respectivos honorários cai do céu, sem que os brasileiros de bem saibam quem é do dono da cornucópia celestial.

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