Recep Erdogan ameaça a Europa com abertura das fronteiras turcas

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Após o Parlamento Europeu decidir pela suspensão temporária das negociações sobre a adesão da Turquia à União Europeia (UE), o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou abrir as fronteiras do país para os refugiados em direção à Europa.

“Ouçam: se vocês não derem continuidade [às conversações], as fronteiras serão abertas; lembrem-se disso”, disse Erdogan durante discurso em Istambul, nesta sexta-feira (25), um claro recado direcionado ao bloco europeu.

A atitude, eivada pela retaliação, é típica de governantes totalitaristas, seara em que Erdogan transita com facilidade e muita intimidade. Haja vista a forma como sufocou um levante contra o seu governo, usando forças militares para, à base de artilharia pesada, conter os rebeldes que cobravam sua saída do cargo.

Em março deste ano, Bruxelas e Ancara fecharam um acordo para conter o fluxo de refugiados rumo à Europa. O pacto prevê que a Turquia receba novamente refugiados que tenham entrado ilegalmente no continente europeu através de território turco.

Após a assinatura do acordo foi observada uma significativa redução no número de pessoas que tentam fazer a perigosa travessia, que parte da Turquia em direção às ilhas gregas.


Na quinta-feira (24), os eurodeputados, reunidos em Estrasburgo, pediram o “congelamento temporário” das negociações com a Turquia. O argumento é de que o governo Erdogan usou uma “repressão desproporcional” no país desde o golpe frustrado de julho.

A resolução foi aprovada por ampla maioria: dos 623 parlamentares presentes, 479 votaram a favor, enquanto 37 foram contra e 107 se abstiveram. Embora de caráter não vinculativo, o resultado da votação manda um forte recado a Ancara, além de colocar sob pressão a Comissão Europeia, que conduz as conversações.

“A Turquia é parceira importante da EU”, disseram os eurodeputados em um comunicado conjunto. “Mas, em parcerias, a vontade de cooperar tem que partir dos dois lados. A Turquia não tem demonstrado essa vontade política, pois as ações do governo estão desviando o país de sua trajetória europeia.”

De acordo com a resolução, os legisladores se comprometeram a revisar seu posicionamento quando “forem suspensas as medidas desproporcionais adotadas durante o estado de sítio na Turquia”, quando então vão avaliar “se o Estado de Direito e os direitos humanos foram restaurados em todo o país”.

O processo de adesão da Turquia à UE foi iniciado em 2005. Um acordo para acelerar as negociações foi fechado em março de 2016, na sequência do pacto sobre migrações concluído entre ambas as partes. (Com agências internacionais)

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