Gleisi afirma que não comentará delação de Marcelo Odebrecht em que é acusada de levar R$ 4 milhões

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Se a política brasileira fosse um desenho animado, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) certamente reivindicaria o papel do “Grilo Falante”. Ré na Operação Lava-Jato por participação no esquema de corrupção conhecido como Petrolão – é acusada de embolsar R$ 1 milhão em propina – Gleisi Helena afirmou, em nota, que não comentará as preliminares da delação premiada de Marcelo Odebrecht.

O presidente afastado do grupo empresarial baiano disse à força-tarefa que foram repassados mais de R$ 4 milhões, não declarados, para saldar dívidas da campanha da petista ao governo do Paraná em 2014, segundo a revista IstoÉ. As informações são de Julia Lindner no Estadão.

“A senadora Gleisi Hoffmann não se pronunciará sobre matéria publicada pela imprensa que se baseia exclusivamente em vazamentos de informações”, destaca o texto divulgado pela assessoria de imprensa da parlamentar.

As más notícias não param de aterrissar na seara de Gleisi. A senadora perdeu recurso apresentado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e terá de pagar R$ 173.905,85 ao secretário de Saúde do Paraná, Michele Caputo Neto.

A decisão, em caráter definitivo, é resultado da ação movida por Michele Caputo contra a senadora em 2008. À época, a petista através de blog pessoal (Blog da Gleisi) acusou Michele Caputo de ser o “maior operador de sacanagem do PSDB do Paraná” e também fez trocadilho maldoso com o sobrenome do secretário.


Em 11 de agosto de 2009, a 8ª Vara Cível de Curitiba acatou a ação de Michele Caputo e condenou Gleisi a pagar R$ 5 mil por danos morais e ato difamatório na internet. A senadora recorreu à Justiça de Curitiba e o juízo reformou a sentença condenando-a a pagar R$ 50 mil para Michele Caputo.

A petista, através do advogado Guilherme Gonçalves (flagrado na Operação Custo Brasil), continuou recorrendo da decisão em instâncias superiores e ação acabou STJ. O relator do agravo e recurso especial, ministro Paulo de Tarso Sanseverino, negou provimento ao pedido da senadora paranaense e o Tribunal, por unanimidade, condenou Gleisi a pagar a multa pecuniária no valor de R$ 50 mil, acrescidos de juros e correções, o que resulta no valor de R$ 173.905,85, segundo cálculos da própria Corte.

O Tribunal remeteu a ação para execução e pagamento a 8ª vara cível de Curitiba em 9 de novembro último e as partes foram notificadas em 21 de novembro. Não cabe mais recurso à senadora, que só pode questionar as taxas de juro aplicadas à multa, mas terá de depositar em juízo R$ 50 mil em no máximo quinze dias, enquanto os peritos refazem os cálculos.

No caso de a parlamentar petista alegar não tem condições financeiras para pagar os R$ 174 mil, os bens móveis e imóveis da senadora serão arrestados para garantir o pagamento da dívida.

Em 2008, Gleisi disputou a prefeitura de Curitiba e perdeu as eleições para Beto Richa (PSDB) que fez 77% dos votos. A petista fez apenas 18%. Nessa campanha, Gleisi teve R$ 6,5 milhões de receitas e recebeu doações da Camargo Corrêa (R$ 500 mil), UTC (R$ 250 mil) e OAS (R$ 250 mil) – empreiteiras arroladas em esquemas de corrupção na Petrobras e investigadas no âmbito da Operação Lava-Jato.

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