Situação de Michel Temer piora sobremaneira após inesperada proposta de renúncia feita por Caiado

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Se na política existe “inferno astral”, por certo o presidente Michel Temer está vivendo o seu ápice. Enfrentando uma crise política que é alimentada pela peçonha da oposição raivosa e pelos efeitos colaterais da delação coletiva da Odebrecht, o presidente da República sequer conseguiu comemorar a aprovação, por placar apertado, da Proposta de Emenda Constitucional 55, a PEC do Teto de Gastos. Isso porque o senador Ronaldo Caiado (GO), líder do Democratas, defendeu a renúncia de Temer e a convocação de novas eleições gerais, inclusive para o Congresso Nacional.

Para Caiado, é preciso que o Executivo e o Legislativo analisem se ainda têm condições de governar e legislar depois do efeito devastador dos vazamentos da delação da empreiteira baiana no âmbito da Operação Lava-Jato. Do contrário, justifica o senador goiano, é preciso um “gesto maior”.

“Podemos chegar a um último fato para preservar a democracia, um gesto maior, para mostrar que ninguém governa sem apoio popular. Nesta hora, não podemos ter medo de uma antecipação do processo eleitoral, de maneira alguma”, o democrata.

Ronaldo Caiado negou que estivesse fazendo referência a uma eventual renúncia de Temer, mas em seguida não economizou palavras e referiu-se ao presidente da República.


“Não vou fulanizar. Mas acho que Temer saberá balizar esse momento. Ele deve ter a sensibilidade que não teve a presidente Dilma. Não é provocar as ruas e insistir em uma tese que não vai sobreviver. Ele precisa ter noção do que está sendo feito pelo governo e o que é aceito pela população”, declarou o parlamentar.

Insistindo que não estava a mandar recado ao presidente, Caiado disse que suas declarações eram fruto de reflexão sobre o que, no momento atual, é melhor para o País.

A proposta de Caiado pode até refletir o desejo de boa parte da opinião pública, mas não se convoca eleições gerais da noite para o dia, como se isso fosse tão simples quanto acender o interruptor da luz da sala. A realização de eleições gerais exige tempo, planejamento e dinheiro. Além de renúncia coletiva de todos os ocupantes de cargos eletivos, o que não é tarefa fácil. Considerando que Michel Temer tem apenas mais dois anos como presidente, um novo sufrágio no País aconteceria, na melhor das hipóteses, no começo de 2019.

Em caso de renúncia de Temer, algo que poderá acontecer no primeiro semestre do próximo ano na esteira do acirramento da crise política, um novo presidente será eleito pelo Congresso para um mandato tampão. Esse é o desejo de uma ampla maioria de brasileiros, que não pode ignorar o fato de que na esteira desse novo cenário virá uma crise econômica muito pior do que a atual.

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