Novo 1º secretário da Câmara é ligado a Eduardo Cunha e usou a amizade para empregar a amante

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Se a inconstitucional reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara dos Deputados foi aceita com passividade, sem qualquer contestação por parte da sociedade pelo flagrante atentado contra a Carta Magna, os brasileiros devem estar atentos aos outros integrantes da Mesa Diretora da Casa legislativa.

Com orçamento de R$ 5,9 bilhões para 2017, a Câmara dos Deputados tem, a partir desta quinta-feira (2), um novo primeiro-secretário, cargo que pode ser comparado ao de um prefeito. Mesmo tendo 80% do valor consumidos por salários e encargos, o orçamento da Câmara é tão expressivo que faz inveja a milhares de municípios do País.

O novo primeiro-secretário da Câmara é o deputado federal Fernando Lúcio Giacobo (PR-PR), conhecido politicamente apenas como Giacobo. Reza a lenda que à segunda mulher do imperador romano Júlio César, Pompeia Sula, não bastava ser honesta, mas parecer como tal. Ou seja, os romanos exigiam atitudes e aparência que remetessem à honestidade.

Pois bem, Giacobo trocou a 2ª Vice-Presidência da Câmara, cargo que permite ao ocupante a referendar despesas médicas dos parlamentares, pela 1ª Secretaria da Casa, onde terão sob sua batuta uma fortuna considerável.

Para quem não sabe ou não se recorda, Giacobo é ligado ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara e atualmente preso em Curitiba por seu envolvimento no maior escândalo de corrupção da história da Humanidade, o malfadado Petrolão.

Nos tempos em que Cunha mandava e desmandava na Câmara, Giacobo valeu-se da proximidade com o peemedebista fluminense para emplacar sua amante em cargo comissionado, que na Casa legislativa é rotulado como Cargo de Natureza Especial (CNE).


Priscila Farias de Araújo, conforme noticia o jornalista Mino Pedrosa, sequer seria notada na estrutura funcional da Câmara não fossem os laços amorosos com Giacobo, com quem tem uma filha, hoje com quase cinco anos e reconhecida como tal em cartório de registro civil da capital dos brasileiros.

Mas a astúcia de Giacobo como parlamentar não é conhecida apenas por sua porção Don Juan, mas por ter sido contemplado em onze ocasiões na loteria, marca superada apenas pelo polêmico João Alves, então deputado federal acusado de envolvimento no escândalo conhecido como “Anões do Orçamento” e que teve o mandato parlamentar cassado.

Fernando Lúcio Giacobo foi alvo de pelo menos quatro ações no Superior Tribunal Federal, sendo uma delas por sequestro e cárcere privado. O caso, que teria ocorrido em julho de 2000, foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná. O parlamentar, segundo Pedrosa, é acusado de sonegação de impostos com base em empresas fantasmas que beneficiariam sua concessionária de automóveis (Giacobo Veículos). O esquema criminoso teria lesado os cofres públicos em R$ 331.348,06, entre outubro de 2000 e junho de 2001.

Em julho de 2016, Giacobo concorreu à Presidência da Câmara, no vácuo deixado pelo camarada Eduardo Cunha. Na ocasião, em plenário, o deputado abusou da ironia e disparou: “Todas as mazelas do País são deliberadas vezes jogadas com exclusividade nos ombros deste poder. Quem conhece esta Casa, seu Plenário, suas comissões, conhece o trabalho competente dos parlamentares. A maioria dos que aqui estão, independentemente de convicções, são homens e mulheres que trabalham com seriedade e patriotismo”. Giacobo só não falou que alguns parlamentares dedicam-se às amantes à sombra do suado dinheiro do contribuinte.

Como o Brasil é o país do “faz de conta”, não há problema algum no fato de Giacobo ter sido eleito para, nos próximos dois anos, decidir o que fazer com os 20% que restam do Orçamento da Câmara dos Deputados. Em termos percentuais pode não parecer muito dinheiro, mas um montante anual de aproximadamente R$ 1,5 bilhão é capaz de tirar muito honesto do sério. Não se trata de duvidar da probidade de Giacobo no cargo, ou fora dele, mas é preciso considerar que a lenda sobre a honestidade de Pompeia Sula ainda é lógica e que a Câmara dos Deputados já viveu dias melhores. Enfim…

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