Indicação de Alexandre de Moraes ao STF embaralha a sucessão em SP e a corrida presidencial de 2018

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A se confirmar a indicação de Alexandre de Moraes à vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o que está previsto para acontecer ainda nesta segunda-feira (6), a disputa pelo governo paulista ganha um novo cenário, que pode ser considerado embaralhado.

Filiado ao PSDB e ainda ministro da Justiça, Moraes vinha alimentando a esperança de ser o candidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes em 2018. O que explica suas insistentes aparições nos últimos meses, muitas delas com direito a declarações tão polêmicas quanto descabidas.

Com a eventual chegada de Alexandre de Moraes no STF, a disputa pelo governo paulista ganha um novo desenho. O governador Geraldo Alckmin, que trabalha nos bastidores para participar da corrida presidencial como candidato do PSDB, pode mudar de partido no caso de seu plano encontrar dificuldades no tucanato, onde Aécio Neves (MG) e José Serra sonham com a vaga.

Alckmin poderá migrar para o PSB, partido do vice-governador de São Paulo, Márcio França, que assumiria o comando do mais importante estado da federação no momento em que o governador deixasse o cargo para concorrer à Presidência da República. Com esse quadro, França poderia concorrer à reeleição, em 2018, se o recente escândalo da Codesp não prosseguir em termos de investigações. O vice-governador é acusado de participação em fraude na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).


Se no âmbito nacional Geraldo Alckmin não selar parceria com o PSB, seja como do próprio partido ou como candidato tucano, o cenário torna-se mais complicado em termos de sucessão. Isso porque o prefeito da capital paulista, João Doria, que assumiu o compromisso de cumprir o mandato na íntegra, começa a ser cotado para o Palácio dos Bandeirantes.

Por outro lado, se as denúncias no escopo da Operação Lava-Jato avançarem com mais força na direção do PSDB, alcançado Geraldo Alckmin, Doria torna-se, de chofre, uma alternativa do partido para o Palácio do Planalto. O que pode parecer impossível encontra explicação na realidade política.

Além de citados em delações da Lava-Jato, Aécio não tem estofo político-eleitoral para vencer a corrida presidencial de 2018, enquanto Serra é dono de elevado índice de rejeição na esfera nacional. O desempenho de Aécio Neves em 2014 resultou da enorme insatisfação popular com Dilma Rousseff, que foi apeada do cargo no ano passado. Ou seja, Aécio precisaria encontrar um novo propulsor eleitoral. Em relação a Serra, não há o que fazer, pois sua antipatia é irreversível.

O plano inicial de João Doria, segundo apurou o UCHO.INFO com pessoas próximas ao alcaide paulista, era cumprir o mandato de “xerife” da maior cidade brasileira, dedicando-se, depois de 2020, a um período sabático de dois anos, quando poderia pavimentar o caminho para uma candidatura presidencial. Com as mudanças que deve ocorrer no rastro da indicação de Alexandre de Moraes ao STF, tudo é possível. Como bradou o imperador romano Júlio César à margem do Rio Rubicão, “Alea jacta est” (a sorte está lançada).

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