A situação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, torna-se cada vez mais difícil com o passar dos dias, pois o escândalo envolvendo o ex-assessor da Casa Branca para assuntos de segurança nacional, Michael Flynn, cuja demissão correu na última segunda-feira (13), continua a fermentar e produzir um sem fim de efeitos colaterais.
De acordo com relatos de funcionários da Casa Branca à agência de notícias Reuters, o bufão Trump foi informado por serviços de inteligência, dias após tomar posse, que Flynn estava ocultando de seus superiores o conteúdo de suas conversas extraoficiais com autoridades da Rússia.
O presidente dos EUA demonstrou desconforto com a atitude do então assessor, mas não informou o vice Mike Pence sobre o ocorrido. A complacência de Trump foi tamanha, que a demissão de Flynn demorou três semanas.
O escândalo, que já foi batizado de “Russiagate”, começou em dezembro passado, logo após a vitoria de Donald Trump corrida presidencial, quando Flynn conversou várias vezes por telefone com o embaixador da Rússia em Washington. Durante os diálogos, os interlocutores trataram da possível suspensão das sanções impostas ao governo de Moscou.
Nos Estados Unidos, assuntos diplomáticos não podem ser tratados por pessoas sem cargo no governo. Porém, conforme revelou o jornal “The New York Times”, a equipe de Trump manteve contatos frequentes com autoridades russas durante a campanha eleitoral. Nesta quarta-feira (15), diante da repercussão negativa da informação, o Kremlin apressou-se em negar as tais conversas telefônicas.
Se o staff da Casa Branca não deu a devida importância às conversas não oficiais de Flynn com diplomatas russos, no âmbito político e legal pesou o fato de o ex-assessor ter mentido para o vice Mike Pence, omitindo que o conteúdo principal dos diálogos foi as sanções contra Moscou, implementadas em dezembro pela então presidente Barack Obama após os serviços de inteligência concluírem que o presidente russo, Vladimir Putin, interferiu nas eleições americanas em favor de Trump.
“O que levou o presidente a pedir a renúncia do general Flynn foi a evolução e a erosão do nível de confiança devido a essa situação e a uma série de outros incidentes questionáveis”, declarou, na terça-feira (14), Sean Picer, o porta-voz da Casa Branca que da noite para o dia transformou-se em fonte de inspiração para humoristas do país.
Após a demissão de Flynn, o presidente dos EUA promoveu mudanças no Conselho de Segurança Nacional, rebaixando o status de representantes das Forças Armadas e promovendo, como membro permanente do comitê, seu estrategista-chefe, Stephen Bannon, um trapalhão descontrolado conhecido por opiniões nacionalistas e de extrema direita. Bannon foi o responsável pelo conteúdo do absurdo veto migratório que rendeu a Trump três derrotas seguidas na Justiça.
General reformado, Michael Flynn serviu durante 33 anos nas Forças Armadas dos EUA, o que permite concluir que o ex-assessor da Casa Branca sabe da importância do respeito à hierarquia. Isso significa que Flynn não agiu por conta própria no caso do “Russiagate”, mas a mando do próprio Trump.
Nesse episódio há uma espada de Dâmocles a ameaçar o presidente bufão. Trata-se do republicano Mike Pence, que na condição de vice-presidente dos EUA comanda o Senado. Motivo suficiente para Trump perder o sono, pois um processo de impeachment colocaria Pence na principal cadeira do salão oval da Casa Branca.