Entre o otimismo do governo e a realidade da economia, PIB de 2016 recuou 3,6% e confirmou recessão

Não há como negar a competência dos integrantes da equipe econômica do governo, mas a necessidade do presidente da República de anunciar fatos positivos supera qualquer comparação. Liderada pelo ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, a equipe econômica vem fazendo o possível para reverter a grave crise que submeteu o Brasil a dois anos de recessão, mas é preciso considerar que o estrago patrocinado pelo PT ao longo de treze anos e alguns meses e a dependência do governo em relação ao Congresso não são fatores positivos, pelo contrário.

Nesta terça-feira (7), durante reunião no Palácio do Planalto, comandada pelo presidente Michel Temer, o ministro da Fazenda afirmou que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016, que ficou em -3,6% e confirmou a pior recessão da história nacional, é fruto de políticas equivocadas adotadas nos últimos dois anos. È bom lembrar que Temer está no comando do País desde maio do ano passado.

“O PIB divulgado hoje [terça] refere-se ao ano passado. É olhar no espelho retrovisor. […] É o resultado de uma série de políticas que levaram a economia brasileira a enfrentar a maior crise da sua história”, declarou o ministro da Fazenda durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o famoso “Conselhão”.

Na opinião de Henrique Meirelles, o desanimador resultado do PIB é “olhar no retrovisor”. Se para a equipe econômica o desempenho da economia em 2016 é coisa do passado, para os brasileiros a crise está presente no cotidiano de forma insistente e fazendo estragos cada vez maiores.

Otimista em excesso e sem dar o endereço do paraíso que começa a surgir no horizonte do governo, Meirelles disse que o Brasil encontra-se em processo de saída da crise e que a economia começa “claramente” a crescer.


Por questões óbvias o governo jamais admitirá que a crise ainda persiste, mas é preciso descer do pedestal palaciano e compreender as agruras diárias enfrentadas pelos brasileiros, que não mais sabem o que fazer para driblar os efeitos da recessão.

Até agora, desde que Michel Temer chegou ao principal gabinete do Palácio do Planalto, o governo conseguiu aprovar apenas uma medida de estímulo à economia: a que fixa um limite para os gastos federais nos próximos vinte anos, o que ajuda na empreitada do ajuste fiscal. As demais medidas, já anunciadas, continuam estacionadas no Congresso Nacional à espera da boa vontade de políticos cada vez mais fisiologistas.

Considerando que em 2018 o Brasil terá novas eleições gerais e que políticos dificilmente subirão nos palanques carregando o ônus decorrente da aprovação de medidas impopulares, como as reformas previdenciária e trabalhista, apostar em crescimento da economia é excesso de otimismo.

Ademais, a crise política, que cresce de maneira assustadora com o passar dos dias, prejudica qualquer eventual solução para desatar o nó que se instalou na economia do País. A primeira medida que poderia produzir algum efeito na economia no curto prazo é o investimento em infraestrutura, mas com a insegurança jurídica e as incertezas que rondam a seara política essa possibilidade tornou-se um sonho distante.

Para contrapor a fala otimista de Henrique Meirelles, todos os setores da economia – indústria, comércio e serviços – continuam demitindo trabalhadores, no rastro dos números negativos dos últimos anos. De tal modo, o melhor que o brasileiro pode fazer é se preparar para dias ainda mais difíceis.

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