Em meio à crise, Impostômetro alcança R$ 700 bilhões e mostra que inflação real está com força

A crise econômica continua produzindo estragos Brasil afora, com direito a alguns esmaecidos lampejos de melhora, mas o governo de Michel Temer insiste em falar em retomada da economia, como se a verdade não pudesse ser conferida no cotidiano.

Apesar da grave e inédita crise, a sanha arrecadatória do Estado cresce a cada ano, mesmo com o consumo em queda. Nesta segunda-feira (24), o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo registrou, por vota das 8 horas da manhã, R$ 700 bilhões em impostos pagos pelos contribuintes somente em 2017. Valor absurdo se considerada a pífia contrapartida oferecida pelo Estado brasileiro.

Em 2016, a mesma cifra foi alcançada em 3 de maio, ou seja, nove dias depois. Alguns economistas alegam que a marca (R$ 700 bilhões) foi alcançada com antecedência por causa da retomada do crescimento em alguns setores da economia, mas esse discurso é marcado por irresponsabilidade e ufanismo.

Se o crescimento da economia começa a dar sinais em alguns setores, como sugerem os especialistas, o País não teria fechado 63,624 postos de trabalho em março passado. Quando algum segmento econômico apresenta melhora na atividade, o setor subsequente se prepara para viver o mesmo momento, como um moto contínuo.


O registro do Impostômetro nesta segunda-feira só foi possível porque, ao contrário do que afirmam integrantes do governo, os preços de produtos e serviços continuam subindo, deixando de lado aqueles que são reféns de safras e sazonalidades. Quem vai às compras com regularidade, em especial nos supermercados, sabe que os preços têm subido de forma sorrateira. A redução ou manutenção de preços de alguns produtos é fruto da queda de qualidade, assunto que há muito merece destaque do UCHO.INFO.

A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), entrou em curva de queda apenas porque o consumo caiu de maneira assustadora. Mesmo assim, o IPCA não reflete a realidade enfrentada pelos brasileiros no dia a dia.

O melhor exemplo da disparada dos preços dos produtos nos últimos doze meses é o preço do irresistível pastel de feira, item que o UCHO.INFO adotou como índice oficial de inflação real. Há um ano, o pastel custava R$ 5, mas agora nas feiras livres da capital paulista a iguaria não sai por menos de R$ 6, se o consumidor não escolher algum com recheio diferenciado. Nesse caso, o preço pode chegar a R$ 8, às vezes R$ 10.

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