Lava-Jato: delação de Palocci pode criar efeito dominó e obrigar petistas ilustres a fazerem o mesmo

Ex-ministro da Fazenda (governo Lula) e da Casa Civil (governo Dilma), o “companheiro” Antonio Palocci Filho, preso em 26 de setembro de 2016 na Operação Omertà (35ª fase da Operação Lava-Jato), avança nas negociações que visam acordo de colaboração premiada. Essa decisão, que contraria o entendimento do renomado criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, deve-se à perspectiva de o petista ter de passar longo período atrás das grades caso mantivesse o silêncio quase sepulcral.

Disposto a contar o que sabe sobre o maior esquema de corrupção da história, o Petrolão, Palocci tem tirado o sono dos integrantes da cúpula do Partido dos Trabalhadores, que já trabalham com um cenário de derrocada política. O último recado ao partido foi dado no depoimento prestado ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, na última semana, quando o petista externou seu desejo de colaborar com a Justiça.

Petista histórico, mas longe de ser um dos “cavaleiros” da legenda, Antonio Palocci terá de revelar fatos que comprometem Lula caso queira deixar o cárcere o quanto antes, com direito a permanecer em liberdade monitorada por alguns anos. Depois da delação coletiva da Odebrecht, no âmbito da Lava-Jato, a eventual colaboração de Palocci é considerada como de alto poder de destruição. Tomando por base o fato de que Lula sempre foi o pajé do PT, o ex-ministro não terá outra saída, que não a de delatar o petista-mor. O estrago será monumental e o discurso falacioso do partido virá abaixo.

No caso de a delação de Palocci seguir esse roteiro, um efeito cascata já é esperado por muitos petistas, pois o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, também preso na Lava-Jato e com várias condenações, terá de adotar a mesma estratégia. Do contrário, Vaccari terá de aceitar a ideia de passar mais de uma década atrás das grades.


Tido como um dos soldados do partido, João Vaccari vem mantendo um silêncio quase obsequioso desde sua prisão, em 15 de abril de 2015, mas uma delação de Palocci terá efeito dominó. Condenado a mais de 40 anos de prisão, o ex-tesoureiro será impelido a delatar, caso queira deixar a prisão.

Segundo o script, José Dirceu não terá escapatória, já que encontra-se preso no Complexo Médico-Penal de Pinhais, na Grande Curitiba, e condenado a 31 anos de prisão. Tido durante todo tempo como um dos homens fortes do PT, Dirceu está com 71 anos e terá de passar pelo menos uma década atrás das grades. Considerando que a estimativa de vida do brasileiro é de 75 anos, José Dirceu de Oliveira e Silva, o outrora Pedro Caroço, corre o risco de morrer na cadeia.

Nesse castelo de cartas imundas, outro petista que não teria escapatória é o deputado federal cassado André Vargas Ilário (ex-PT), preso na Lava-Jato e também no Complexo Médico-Penal de Pinhais. Ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, Vargas foi condenado a quase dezenove anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Sem acordo de delação, André Vargas terá pela frente pelo menos mais seis anos atrás das grades.

Se André Vargas foi impelido a delatar por causa do efeito dominó da delação de Antonio Palocci, a próxima prisão será da senadora Gleisi Helena Hoffmann e do seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações). Vargas foi coordenador de campanha de Gleisi e sabe muito sobre os bastidores financeiros da senadora e do marido, a quem assessorou nos tempos em que ambos faziam política em Londrina e região.

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