Marcada por intensa troca de acusações, campanha presidencial na França chega ao último dia

(L. Vadam – Maxppp)

Candidato à presidência da França, o centrista Emmanuel Macron tenta confirmar seu favoritismo no último dia de campanha antes do segundo turno da corrida ao Palácio do Eliseu, após intensa disputa eleitoral que dividiu o país.

O candidato pró-União Europeia e sua rival, a populista de direita e ultrarradical Marine Le Pen, apresentaram propostas e visões diametralmente opostas durante a campanha eleitoral, acompanhadas de perto na Europa e em todo o planeta. Nos dias finais, a batalha se intensificou ainda mais após debate televisivo marcado pelo tom agressivo de ambos os candidatos.

Em seu último comício, na cidade de Ennemain, Le Pen disse a apoiadores que lhes devolverá a chave do Palácio do Eliseu, sede do governo em Paris. “A França não pode esperar mais cinco anos para poder andar de cabeça erguida”, afirmou a candidata que é movida pela xenofobia e pelo radicalismo.

Emmanuel Macron, por sua vez, disse a correligionários que vai “manterá a promessa de mudança até o fim”, em evento de campanha na cidade de Albi.

Notícias falsas

Rumores de que Macron teria contas em paraísos fiscais, mencionados por Marine Le Pen no debate televisivo assistido por 16,5 milhões de pessoas, inflamou ainda mais a atmosfera tóxica e beligerante da campanha. Macron entrou com um processo legal contra a rival, a quem acusou de difamação.

Após a queixa, promotores franceses abriram uma investigação sobre a fonte dos rumores, classificados pela campanha de Macron com um caso típico de notícias falsas que teriam sido disseminadas no Twitter por portais de notícias próximos ao Kremlin, como o Sputnik e a RT, além de apoiadores do presidente americano, Donald Trump.


Aliás, Marine Le Pen defende imediata ruptura com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e consequente aproximação como Trump e Vladimir Putin. Se isso acontecer, a Europa será dizimada a partir das coes criminosas esculpidas no Kremlin.

Le Pen negou qualquer envolvimento com o caso. Seu partido, “A Frente Nacional”, lembrou que o portal de internet da campanha da candidata foi atacado repetidas vezes por um hacker associado à extrema-esquerda, preso na semana passada.

Obama e Varoufakis defendem voto em Macron

O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama anunciou seu apoio a Macron através de mensagem no Twitter divulgada nesta quinta-feira no perfil do candidato.

“As eleições na França são de importância capital para o futuro do país e os valores que protegemos. O sucesso da França importa para o mundo inteiro”, afirmou. Sem mencionar Le Pen, Obama ressaltou que o centrista “apela à esperança das pessoas, não aos seus medos”.

Outra declaração de apoio a Macron veio do ex-ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, um dos maiores expoentes da esquerda europeia. A declaração veio após Jean-Luc Mélenchon, candidato da esquerda francesa derrotado no primeiro turno das eleições, recusar-se a apoiar o centrista contra Le Pen.

Em artigo publicado no jornal britânico “The Guardian”, Varoufakis lembrou que Macron foi “o único ministro da Economia que fez todo o possível” para ajudar seu país durante a crise da dívida grega em 2015. “Me recuso a fazer parte de uma geração de esquerdistas que permitiram que uma fascista e racista chegasse à presidência da França”, escreveu.

Pesquisas indicam que Emmanuel Macron possui uma vantagem de 20% das intenções de voto em relação à rival. No primeiro turno, o centrista recebeu 23,86% dos votos e Le Pen, 21,43%. Os mais recentes levantamentos apontam um cenário em que Macron aparece com 61% das intenções de voto, contra 39% de Le Pen. (Com agências internacionais)

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