Lava-Jato: Lula, o mitômano, diz a Moro que “quem conta uma mentira passa a vida inteira mentido”

(Edilson Dantas – O Globo)

Que Lula só chegou até aqui por ser um adepto confesso da mitomania todos sabem, mas ultrapassou o limite do suportável a desfaçatez do petista-mor durante depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato.

Durante o interrogatório, como se fosse o profeta do apocalipse, Lula não titubeou em condenar a mentira. “Quem conta uma mentira passa a vida inteira mentindo para justificar a primeira mentira”, esbravejou o ex-presidente, que imaginou ser a sala de audiência um puxadinho qualquer do sítio em Atibaia.

Lula mentiu de forma acintosa ao afirmar que desconhecia o esquema de corrupção que funcionou de maneira deliberada durante uma década na Petrobras, estatal que teve as finanças derretidas pela roubalheira sistêmica patrocinada pelo PT e seus penduricalhos ideológicos.

Diferentemente do que afirmou no interrogatório decorrente da ação penal que trata do apartamento triplex em Guarujá, no litoral paulista, o ex-presidente soube desde o início do esquema de corrupção batizado de Petrolão e que substituiu o Mensalão do PT.

Segundo a legislação brasileira, ninguém é obrigado a produzir provas contra si, por isso Lula tem o direito de mentir aos bolhões, mas quem acompanha a política federal sabe que o ex-metalúrgico não só tinha conhecimento do esquema arquitetado pelo finado José Janene, mas autorizou a sua implantação.

Certa feita, deixando claro que Lula sabia do esquema de corrupção, Janene, no gabinete da liderança do Partido Progressista (PP) na Câmara dos Deputados, sem constrangimento fez ameaças ao então presidente da República, com direito a ofensas chulas à mãe do mesmo, por não ter alguns dos seus pedidos atendidos. “Avisa esse filho da puta”…, esbravejou José Janene, o “Xeique do Mensalão” e mentor intelectual do Petrolão.


Aliás, segundo Janene, não era apenas Lula que sabia da roubalheira que sustentava boa parte da chamada base aliada, mas também a outrora ministra Dilma Rousseff, à época chefe da Casa Civil. Ou seja, Lula mentiu deslavadamente ao negar que tinha conhecimento do esquema de corrupção.

De igual modo, apesar da compreensível fase de negação, Lula faltou com a verdade em relação ao triplex que foi transformado em moeda de troca de um esquema criminoso de propina que tinha na proa alguns contratos com a Petrobras, os quais beneficiaram a OAS, empreiteira que após a quebra da Bancoop assumiu a construção do empreendimento praiano.

Visivelmente nervoso e fazendo esforço descomunal para seguir o script determinado por seus advogados, o petista caiu em contradições no caso do apartamento em Guarujá, algumas não chamaram a atenção da imprensa.

Lula afirmou ter colocado “quinhentos defeitos” no imóvel, o qual não lhe interessava, especialmente porque Dona Marisa não gostava de praia, mas o petista perdeu-se ao tentar explicar motivo pelo qual a ex-primeira-dama fez uma segunda visita ao apartamento. O ex-presidente disse que Marisa retornou ao apartamento, na companhia de um dos filhos, para informar que o casal havia desistido de ficar com o imóvel.

Em seguida, Lula afirmou que a esposa retornou ao apartamento porque considerava a possibilidade de ficar com a propriedade como investimento ou para fazer algum negócio futuro. Mesmo assim, com a desistência, Dona Marisa demorou muito para requerer o ressarcimento do valor (R$ 209 mil) pago à Bancoop pela quota-parte no empreendimento.

Pois bem, em situações normais, até mesmo nas anormais e incomuns, pessoas informam a terceiros sobre a desistência de um negócio por telefone ou mensagem eletrônica, não visitando o objeto da eventual transação. A história foi muito mal contada e Lula terá de passar o resto da vida mentindo para justificar uma mentira que não é a primeira.

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